
O número de eleitores no Rio Grande do Sul diminuiu 0,44% desde a última eleição para presidente, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados nesta quarta-feira (1º): eram 8.392.033 em 2014 e, agora, são 8.354.732.
No RS, o declínio mais perceptível foi entre os jovens de 16 e 17 anos, que têm voto facultativo. Nessa faixa etária, a redução foi de 19,9%, passando de 67.130 (2014) para 53.771 (2018).
Não é possível observar se os dados seguem uma tendência populacional. Segundo dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), a população entre 16 e 17 anos teve aumento de 3,06% entre 2014 e 2016, de 344.700 a 355.615. Os dados para 2018, entretanto, não serão divulgados, devido à extinção da Fundação.
Esse é um movimento contrário à média total nacional de eleitores, que cresceu 3,14% nos últimos quatro anos – passando de 142.822.046, em 2014, para 147.302.354 neste ano — e no mesmo sentido da redução de novos eleitores, ainda sem obrigação de votar, que teve queda de 4,53% (em 2014 eram 1.638.751 e neste ano serão 1.400.617).
Para o cientista político e professor de Relações Internacionais e Jornalismo da Unisinos, Bruno Lima Rocha, o baixo envolvimento dos jovens com temas sobre eleições está ligado, principalmente, à crise política e ao modelo atual de vida nas cidades.
— A atividade política profissional está muito desprestigiada, ao mesmo tempo que há elogio à carreiras não políticas de estado (juízes, por exemplo). Além disso, a sociedade está desorganizada, a vida ficou imprevisível, é complicado encontrar tempo para participar da política — avalia Rocha, que complementa:
— Lembro que, quando começou a possibilidade de votar aos 16 anos, houve uma campanha cujo o slogan era "Se liga 16". Agora, não tem mais isso, ainda que exista esforço do TSE para chamar a atenção dos jovens. Há pouco incentivo para eles atentarem à política. Se não são pessoas envolvidas com alguma causa ou algo do tipo, é pouco provável que o pessoal mais novo se interesse por política — afirma.
A população projetada para o RS (que leva em conta nascimentos, mortes e movimentos migratórios) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que a população total do Estado cresceu 1,88% desde 2014 (foi de 11.119.817 para 11.329.605). O grupo entre 15 e 19 anos sofreu contração de 7,85% entre 2014 e agora (foi de 877.115 para 808.219).
— Temos de considerar o efeito demográfico, há uma defasagem de jovens no RS. Mas o desinteresse é reflexo da população em geral, e tem relação com escândalos de corrupção e radicalização do discurso. Há ainda formas diferentes de se fazer política que, às vezes, parecem antagônicas à participação eleitoral — pontua o cientista político e professor do curso de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS), Augusto Neftali Corte de Oliveira.
Outras faixas
Já o montante de eleitores acima de 70 anos no RS cresceu 3,96%, indo de 765.976 (2014) para 796.337 (2018). A média nacional na mesma faixa etária aumentou 11,12%, passando de 10,8 milhões para 12 milhões de 2014 pra 2018.
O eleitorado feminino segue superior ao masculino: são 4.383.662 (52,5%) mulheres e 3.971.070 (47,5%) homens em 2018. A porcentagem de eleitores com cadastro biométrico subiu consideravelmente nos últimos quatro anos, passando de 956.911 (11,40%) para 4.991.213 (59,74%) do total de votantes.