O debate na Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (16) marcou o primeiro dia da campanha eleitoral das eleições 2018. Sete candidatos ao governo do Rio Grande do Sul participaram do programa. Após o bloco inaugural, em que tiveram a oportunidade de se apresentar, a segunda parte do debate oportunizou que os candidatos fizessem perguntas com temas livres uns aos outros, em ordem definida por sorteio.
Veja como foi o segundo bloco do debate da Gaúcha:
Primeiro a perguntar, Mateus Bandeira (Novo) questionou a Eduardo Leite (PSDB) se o candidato pretende aumentar impostos caso seja eleito, afirmando que assim o ex-prefeito fez em Pelotas com o IPTU. Leite falou sobre a intenção de controlar as despesas do Estado, principalmente quanto à folha salarial dos servidores e negociar a dívida pública, para promover o desenvolvimento, mas não respondeu à questão.
Bandeira voltou a provocar o adversário sobre as medidas tomadas em Pelotas, citando que sabe do referido aumento do imposto, pois tem um imóvel no município. Na tréplica, o ex-prefeito negou o aumento de IPTU e provocou Bandeira:
— (Em Pelotas), fizemos a revisão da planta de valores, porque áreas que foram valorizadas com condomínios fechados, onde o candidato talvez esteja construindo uma casa e tenha sido atingido, e realmente está pagando mais. Quem tem terrenos mais valorizados, tem que pagar mais, que é o caso dele, talvez esteja ofendido porque ele está pagando mais por ter mais condições. E é assim que temos de trabalhar. Podemos revisar a condição da receita do Estado para poder viabilizar o pagamento das obrigações.
Na sequência do debate, foi a vez de Leite fazer sua pergunta, que foi direcionada ao atual governador. O tucano quis saber quais as propostas de José Ivo Sartori (MDB) para aumentar a competitividade do Estado e trazer investimentos. O emedebista respondeu que fez a sua parte em seu governo e "colocou o Rio Grande do Sul na rota do desenvolvimento".
Não convencido pela resposta, Leite citou dados sobre abertura de empresas no Estado na comparação com Santa Catarina, sobre a lei aprovada para concessão de rodovias. Lembrou que nenhuma estrada até agora foi concedida, e citou levantamento que mostra que o Rio Grande do Sul perdeu posições no âmbito da educação. Ao que Sartori rebateu com outros dados:
— Nós fizemos até milagres. Recuperamos mais de 3 mil quilômetros de rodovias. Até o final do ano, vamos recuperar mil escolas. Atração de investimentos, tudo foi feito. É uma pena que em determinados momentos não tivemos o apoio que nós precisávamos para fazer mais mudanças.
A terceira questão foi feita por Miguel Rossetto (PT) a Jairo Jorge (PDT). Chamando de projeto de "irresponsabilidade fiscal", pois trava investimentos e joga para o futuro a dívida do Estado, o petista quis saber a opinião do adversário sobre a lei de Responsabilidade Fiscal Estadual criada por Sartori.
— Sou totalmente contrário a essa proposta, mas sou totalmente favorável que o governador tome as rédeas. Se eu for eleito govenador por vontade dos gaúchos e por vontade de Deus, eu assumirei com o presidente eleito essa negociação. Essa proposta que está hoje na mesa garroteia o Rio Grande do Sul, ela cria uma amarra, uma camisa de força. (...) Vou renegociar a dívida em outros termos soberanos para os gaúchos.
Em seguida, Roberto Robaina (PSOL) seguiu falando sobre os problemas financeiros do Estado e perguntou a Rossetto por que o seu partido, em 13 anos a frente do governo federal, não revogou a Lei Kandir, cuja regulamentação pode dar ao Rio Grande do Sul a possibilidade de receber recursos a mais em relação às compensações do ICMS sobre as exportações.
O petista respondeu que Lula e Dilma "investiram muito no Rio Grande do Sul", citando novas instituições de educação federal e a construção da Rodovia do Parque (BR-448), entre outras obras, e que a ex-presidente foi tirada do governo antes de terminar seu mandato. Não satisfeito com a resposta, Robaina disse que o candidato não respondeu sua pergunta sobre a Lei Kandir e disse que o PT escolheu Temer como vice, sugerindo que o atual presidente está envolvido em escândalos de corrupção.
— O Rio Grande do Sul nunca recebeu tanto investimento quanto nos governos Lula e Dilma. Por isso, quero que Lula volte a governar — voltou a pontuar Rossetto.
A quinta pergunta foi elaborada por Julio Flores (PSTU), que quis saber de Mateus Bandeira o que "de novo" tem seu partido, o Novo, já que muitas das suas propostas, como privatizações e ajuste fiscal, são semelhantes às de de candidatos do MDB e do PSDB.
— O partido Novo não é novo só no tempo, está nas ideias, nos valores. É a maior expressão da indignação da população. (...) É formado por pessoas de fora da política, só por gente honesta, porque só aceita ficha limpa.
Flores rebateu dizendo que o que há de novo na política é o PSTU, pois traz propostas diferentes dos governos de direita, como o de Sartori, que pretende privatizar o Banrisul e extinguir estatais. Na tréplica, Bandeira disse que o adversário defende "modelos de atraso" como o socialismo da Venezuela e de Cuba, e que ele se baseia em modelos que já deram certo em países asiáticos e norte-americanos.
Na penúltima pergunta, Jairo Jorge quis saber de Julio Flores quais são suas propostas para desburocratizar a abertura de empresas e promover o desenvolvimento do Estado. O candidato do PSTU respondeu que pretende suspender o pagamento da divida e acabar com isenções fiscais para grandes empresários.
— Vamos acabar com a farra do dinheiro público que Sartori, Tarso e outros governos anteriores, inclusive do PDT, do qual tu faz parte, implementaram — afirmou Flores.
A última questão foi elaborada por Sartori. Para Robaina, o atual governador também perguntou de que forma o candidato do PSOL pretende reduzir a burocracia e aumentar os serviços à população. A resposta veio com ataques ao partido de Sartori:
— Primeiro ponto, Sartori, nós temos o dever de combater a corrupção, combater incompetência. O caso da corrupção o MDB conhece muito bem. Não só conhece, como pratica. O MDB do Rio Grande do Sul está hegemonizado no braço direito do Temer, o Eliseu Padilha. O presidente, espero, que saia da Presidência direto para a cadeia, (porque) é chefe de uma quadrilha.
Na réplica, Sartori disse que não apoiou a chama Dilma-Temer, e cobrou que Robaina não respondeu sua questão sobre a desburocratização.