O debate realizado pela Rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (16) entre os candidatos ao governo do Estado marcou o início da campanha eleitoral 2018. Participaram do encontro Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Júlio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL). No primeiro bloco, cada candidato teve dois minutos para fazer sua apresentação. Em seguida, o jornalista Daniel Scola, mediador do debate, fez uma pergunta para cada concorrente, que teve 1min30s para resposta. As perguntas foram elaboradas pela produção do programa sorteadas ao vivo. Veja abaixo o que eles disseram:
Eduardo Leite (PSDB)
As rodovias estaduais precisam de manutenção e ampliação de capacidade. Quais os planos para melhorar malha rodoviária e como o Daer e a Empresa Gaúcha de Rodovias atuarão no seu governo? Concessões estão nos seus planos?
Falamos que colocar o Rio Grande do Sul para crescer é estratégico, e a infraestrutura é um pilar fundamental. O custo da logística no nosso estado é o dobro da média nacional, enquanto no RS custa 25% a logística sobre o PIB, no Brasil, a média é de 10%, isso porque nosso Estado é o mais dependente do modal rodoviário. É preciso investir não só nas rodovias, mas cobrar investimento nas ferrovias, também fazer parceria com setor privado em hidrovias. Para melhorar nossas rodovias, o plano estratégico de logística e transporte apresenta necessidade de cerca de R$ 25 bilhões em investimento nos próximos anos, e o Estado não tem esses recursos. Por isso, precisamos do apoio da parceria da iniciativa privada para viabilizar esses investimentos. EGR não deve existir como uma inciativa pública, devemos fazer concessão à inciativa privada, e o Estado regular, fiscalizar e orientar.
Mateus Bandeira (Novo)
Qual é a sua proposta para o sistema prisional do RS e para evitar que o crime seja comandado por facções que agem também de dentro das cadeias?
Combate à criminalidade será uma prioridade do nosso governo, está na mesma linha de prioridade que o ajuste fiscal. A vitima é a sociedade, não é o bandido, precisamos compreender isso. Existe um processo de vitimização do bandido, a "banditolatria". Criminalidade se combate elevando o custo de se cometer um crime. Existem três intervenções do Estado para combater a criminalidade: intervenção policial, prisional e judicial, que não está na mão do Estado, mas que o Estado pode mobilizar sua força política para ajudar a aprovar no Congresso Nacional medidas que reduzam mecanismos de abrandamento de pena. O sistema prisional esta falido do Brasil e no Rio Grande do Sul há muito tempo. Precisamos investir pesado na construção de presídios no Brasil e RS, vamos acessar os recursos do fundo penitenciário que tem mais de R$ 4 bilhões disponível e que o Estado não acessa, construir novas cadeiras, regime disciplinar diferenciado para isolar os presos.
Ouça o áudio completo do primeiro bloco:
Miguel Rossetto (PT)
O que o senhor fará para reduzir tempo na fila para realização de exames, procedimentos e internações eletivas? Pretende construir hospitais aumentando a oferta de leitos?
Esse é um tema central para a saúde, o acesso ao sistema único de saúde qualificado. Vamos investir pesado em policlínicas, centros regionalizados. Cada região do Estado tem que dispor de uma estrutura para exames especializados, consultas, atendimento cirúrgico que possa ter caráter resolutivo. Todos os exames próximos à comunidade. Esse é um gargalo muito grande do nosso SUS. Vamos investir na regionalização das nossas policlínicas, qualificar esse tipo de procedimento e aproximá-lo da população. Investir em atendimento básico da saúde. Para isso, o Estado deve parar de atrasar recursos. O governo do Estado hoje deve permanentemente aos municípios algo em torno de R$ 400 milhões a 500 milhões. Vamos honrar esses repasses. Hoje, por exemplo, o Estado conseguiu desorganizar a SAMU, é uma amostra da falência da gestão de saúde no Estado. Vamos oferecer saúde com qualidade.
José Ivo Sartori (MDB)
Qual será o papel das estatais como CEEE, Sulgás e CRM? Elas serão privatizadas? Que tratamento será dado ao Banrisul?
Em primeiro lugar, quero dizer que apresentamos a proposta de retirada do plebiscito da CEEE, Sulgás e CRM ainda em 2016. Depois separamos, deixamos cada uma com decisão própria de cada organização e vamos manter essa postura como fizemos da última vez, consultando toda a população, ela iria dizer se podia ou não. Vamos continuar com esse processo porque esse é o nosso plano de recuperação fiscal do Rio Grande do Sul que precisa ser feito para que não se coloque R$ 11 bilhões nos cofres do Tesouro Nacional, para que esse dinheiro possa ficar no RS e atender as necessidades. Nosso plano não é um plano de governo, é plano para o Estado.
Jairo Jorge (PDT)
Como resolver o problema das populações de pequenas cidades, que são alvo constante quadrilhas de asssalto a banco?
Tivemos no ano passado mais de 180 assaltos a banco. Está em franca expansão os assaltos, disse o presidente do Banrisul. Isso é uma constatação real, a violência chegou às pequenas cidades. Eu constatei o medo no coração e olhos do nosso povo. É preciso enfrentar. Hoje, temos o menor efetivo da Brigada Militar. Quando o cobertor é curto, acontece o que estamos vivendo. É preciso ampliar o efetivo de forma progressiva, e isso vale para polícia Civil, Brigada Militar, IGP, SUSEPE, recuperar finanças públicas, mas é preciso também investir em tecnologia para que possamos proteger pequenas cidades, com sistema de monitoramento, câmera eletrônica. Usar também trabalho social forte para dar oportunidades aos nossos jovens e fazer uma mudança no sistema prisional para recuperar jovens.
Roberto Robaina (PSOL)
Índices de qualidade na educação vêm apresentando declínio nos últimos anos. O Estado perdeu posição no ranking nacional de educação. O que o senhor pretende fazer para melhorar a educação no Rio Grande do Sul?
Primeiro, há um desrespeito com os educadores. No governo passado, o PT não pagou o piso, e, quando tem gente que pensa que nunca pode piorar, o governo Sartori piorou porque não só não pagou o piso com não reajustou os salários e não os paga em dia. O básico dos professores hoje é de R$ 1.260. É uma indecência, um absurdo. Nossa educação não tem como melhorar se não houver melhora no salário do magistério. É preciso priorizar a educação. Sabemos que assim se ajuda em todos quesitos, na segurança, na cultura. E esse é um governo que desrespeita o magistério. Teremos que fazer uma discussão sobre o financiamento do Estado. Aceito a tese de que existe uma crise fiscal, o que o governo não diz é que é preciso arrecadar de algum lugar. Defendemos que se aumente a arrecadação dos grandes grupos, dos ricos.
Júlio Flores (PSTU)
Como pretende amenizar o problema da falta de efetivo da Brigada Militar (BM) e Polícia Civil (PC)?
A questão da segurança é um debate mais profundo. No nosso projeto, temos a proposta de unificar polícias desmilitarizá-las, colocando a polícia a serviço da maioria da população e não só dos ricos, para bater em trabalhadores como foi nas manifestações de junho de 2013. Queremos que os delegados dessa polícia unificada sejam eleitos pelos servidores públicos da BM e PC e mais do que isso, que seja (a polícia) controlada pela população através de conselhos populares. A nossa proposta estratégica em relação aos servidores é acabar com isenções fiscais, não pagar a dívida externa para ter dinheiro para investir em saúde, segurança e educação.