A educação segue como a dimensão em que os gaúchos se encontram mais afastados do pelotão de frente do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS). Em escala de zero a um, o indicador do Rio Grande do Sul baixou de 0,605 para 0,592 na quinta edição do estudo, divulgada na terça-feira (7), com base em dados de 2016. Por conta do desempenho, inferior à média nacional (0,607), o Estado caiu da nona para a 11ª posição no ranking das 27 unidades da federação. O resultado reforça a preocupação de analistas com o nível e as condições de aprendizado de crianças e adolescentes.
Entre as três variáveis que compõem o índice de educação, o avanço na taxa de distorção idade-série no Ensino Médio teve a maior influência negativa no Rio Grande do Sul. Em 2016, 30,6% dos alunos não apresentavam a idade considerada ideal para as turmas em que estavam matriculados. Isso significa que, em uma sala de aula com 10 estudantes, três estavam atrasados. Conforme analistas, o percentual reflete aspectos socioeconômicos, como casos precoces de gravidez e decisões de alunos de interromper os estudos para trabalhar e retornar mais tarde às escolas.
— Melhorar a taxa de distorção representaria sentimento mais positivo dentro das salas de aula. Significaria maior valorização do trabalho para os profissionais da área e melhor qualidade de aprendizagem para os alunos — frisa Maria Beatriz Luce, professora titular de política e administração da educação na UFRGS.
Para a especialista, a melhora no quadro passa por maiores investimentos nas escolas, apesar da crise nas finanças públicas. Maria Beatriz acrescenta que aportes mais volumosos na área também poderiam resultar em benefícios para outros segmentos, como o da segurança.
— Cortar orçamento em educação me parece impensável — relata.
A diretora pedagógica da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Sônia Rosa, admite que o desempenho de índices como o de distorção causa desconforto. Segundo ela, estão sendo realizadas ações para combater, desde o Ensino Fundamental, atrasos na aprendizagem. Entre as medidas, a diretora cita projeto piloto de plataforma que reúne e oferece a professores dados de frequência e avaliações de estudantes, além do apoio ao programa nacional do Novo Ensino Médio.
— A intenção da secretaria é enfrentar os problemas não só para o Estado recuperar posições em indicadores, mas também para o aluno ter seus direitos de educação garantidos — menciona Sônia.
O índice de matrículas do Ensino Médio — outra variável analisada pelo iRS nessa dimensão — apresentou estabilidade no Rio Grande do Sul em 2016. Terceiro fator avaliado na área, a nota na Prova Brasil não teve mudanças em relação a 2015. Isso ocorreu porque, no intervalo da pesquisa, não houve nova edição do exame, que qualifica, de dois em dois anos, o aprendizado de estudantes do Ensino Fundamental em matemática e português.
Em 2016, São Paulo (0,708) continuou na liderança do ranking de educação do iRS. Paraná (0,652) permaneceu na segunda colocação, e Santa Catarina (0,647), na terceira.
Além de educação, o iRS ainda avalia outras duas dimensões: padrão de vida e, reunidas, longevidade e segurança. O Estado teve redução no índice geral do levantamento, perdendo, pela primeira vez, uma posição no ranking. Ao ser ultrapassado pelo Paraná, caiu do quarto para o quinto lugar.