O juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis, atendeu nesta quarta-feira (3) a pedido do Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC) e proibiu o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, de adotar ações que possam influenciar o voto dos funcionários da empresa. O magistrado fixou multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento da determinação. A medida tem caráter liminar e, por isso, ainda pode ser revertida.
Em vídeo destinado a empregados e em transmissões em redes sociais, Hang manifestou apoio ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e afirmou que, em caso de vitória de nomes de esquerda, repensará o plano de expansão da rede, que espera encerrar o ano com cerca de 15 mil funcionários. O empresário também citou a realização de uma pesquisa interna que detectou que 30% dos colaboradores estariam pensando em votar em branco ou nulo.
A Justiça do Trabalho ainda determinou que Hang publique, até sexta-feira (5), vídeos nas redes sociais afirmando que os empregados têm livre direito de escolher seus candidatos. A liminar estipula que a Havan divulgue em todas as suas lojas e unidades administrativas cópias da decisão para reforçar que os funcionários têm o direito de definir livremente seus votos.
Em entrevista a GaúchaZH, Hang negou ter feito coação eleitoral. O dono da Havan confirmou que recebeu a intimação judicial na tarde desta quarta-feira e prometeu recorrer da decisão. A Havan anunciou, no primeiro semestre, sua chegada ao Rio Grande do Sul, com a abertura de duas unidades, em Caxias do Sul e Passo Fundo.
— A decisão judicial é uma intromissão na vida do indivíduo. Temos o direito constitucional da livre palavra. Jamais coagi alguém. Não só eu, mas outros empresários também estão falando a verdade — pontuou Hang, que voltou a criticar partidos de esquerda.
No Estado, o Ministério Público do Trabalho confirmou, no final da tarde desta quarta-feira, que recebeu pelo menos duas denúncias sobre possíveis episódios de coação eleitoral. Conforme o MPT-RS, os registros serão distribuídos para análise de procuradores, que decidirão pela abertura ou não de inquéritos.
Na Região Sul, outro caso que envolveu suspeita de coação em empresas ocorreu em Curitiba, no Paraná. Pedro Joanir Zonta, presidente da rede de supermercados Condor, assinou nesta semana carta direcionada a funcionários, na qual lista os motivos que o fizeram escolher o candidato do PSL e não votar em partidos de esquerda.
"Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem em mim e nele para recolocar o Brasil no rumo certo", escreveu o empresário.
Por meio da assessoria de imprensa, a rede de supermercados atestou a veracidade do texto. Após a repercussão do caso, o Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) convocou Zonta para audiência na terça-feira. O encontro foi encerrado com acordo que determinou a divulgação, pelo empresário, de nota de esclarecimento para os trabalhadores, reforçando o direito de livre escolha de seus candidatos nas eleições.