O Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC) entrou, nesta terça-feira (2), com ação contra a empresa Havan e o dono da companhia, Luciano Hang, por imposição, coação ou direcionamento nas escolhas políticas dos empregados. O MPT pede pagamento de multa de R$ 1 milhão caso persista a conduta irregular. Em reunião com seus colaboradores, Luciano Hang, que apoia a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, destaca seu posicionamento político. O caso foi distribuído para análise da 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis.
Em vídeo, Hang afirmou que vai repensar o plano estratégico de expansão da rede de lojas em caso de vitória de um candidato de esquerda. O empresário também citou a realização de uma pesquisa interna que apontou que 30% dos colaboradores estariam pensando em votar em branco ou nulo. Até a noite desta terça, foram notificadas mais de 35 denúncias sobre o caso no portal do MPT.
Por meio de nota, o órgão destaca que a ação contra a Havan e seu proprietário busca assegurar "a liberdade de orientação política e o direito à intimidade dos trabalhadores da Havan, bem como garantir aos empregados do grupo o direito de exercício da cidadania plena".
O procedimento encaminhado pelo MPT é em caráter de urgência, justificado pela proximidade das eleições, que têm o primeiro turno no domingo (7).
Luciano Hang afirmou que não teve a intenção de coagir seus funcionários em relação à escolha de candidato nas eleições, mas que apenas deu sua opinião de que, se a esquerda ganhar, "todos os empresários brasileiros devem pisar no freio ou dar marcha ré". No entendimento de Hang, o MPT busca "holofote" com a medida.
— O que o Ministério Público está querendo fazer é calar a voz de um empresário que sabe o que está falando e tem 15 mil colaboradores diretos e mais de 60 mil colaboradores indiretos e quer o bem do país.
Antes de o MPT ingressar com a ação na Justiça do Trabalho, Hang, em conversa com a reportagem, confirmou a realização da pesquisa interna em relação à intenção de voto de seus funcionários e o reforço do posicionamento político defendido por ele:
— Fizemos pesquisa interna e notamos que 30% dos colaboradores ainda não têm candidato, vão votar em branco ou nulo. Chamei a responsabilidade para que, no dia 7, é preciso escolher um candidato e, se possível, um candidato de direita, porque, se votar na esquerda, eu, particularmente, me vejo muito desconfortável para investir no país — declarou.
O empresário disse que ainda não foi notificado e que vai se defender das acusações.
Além da multa de R$ 1 milhão, o MPT solicita pagamento de R$ 500 mil por "demais itens não observados" e de R$ 10 mil por trabalhador prejudicado.
MP eleitoral analisa caso no Paraná
Além do caso da Havan na Justiça do Trabalho, o Ministério Público Eleitoral no Paraná instaurou procedimento preparatório eleitoral contra o Grupo Condor e seu presidente, Pedro Joanir Zonta, em relação à divulgação e uma carta aos funcionários do empreendimento. No documento, o empresário afirma em quem vai votar e por quais motivos.
O MP Eleitoral analisa se o movimento do presidente do grupo tenta constranger os funcionários.
Em outra ação, a coligação de Fernando Haddad (PT) representou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Jair Bolsonaro (PSL) por eventual "abuso de poder econômico". O caso é relacionado a áudios do presidente da empresa de ar-condicionado Komeco, que teria anunciado uma "Semana Bolsonaro", com compra de camisetas relativas ao candidato do PSL para os funcionários.