Está marcada para o dia 23 de janeiro de 2024 a primeira audiência de instrução e julgamento dos réus Fabiana Ramos Saraiva, 25, Felipe Silveira Noronha, 29, Flávio Silveira Noronha, 33, e José Balduíno Saraiva, 62. Os quatro são acusados de envolvimento no desaparecimento de Luciano Boeira Melos, 27 anos, em julho deste ano, na localidade de Caraúno, interior de Bom Jesus. O caso é tratado pela Justiça como homicídio.
Na ocasião, que está prevista para ocorrer presencialmente na Vara Judicial da Comarca de Bom Jesus, a partir das 9h, serão ouvidas 10 pessoas, entre testemunhas e policiais, apontadas pela denúncia, além de 15 testemunhas apontadas pela defesa dos quatro acusados. Em seguida, os réus serão interrogados. A sessão foi marcada pelo juiz Fernando Gustavo Meireles Baima. A informação foi publicada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) na quinta-feira (9).
Os quatro réus são a mulher com a qual Luciano tinha um relacionamento, o marido, o pai e cunhado dela. Eles estão presos no Presídio Estadual de Vacaria desde o dia 17 de agosto e respondem por homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e emboscada), ocultação de cadáver e fraude processual.
Relembre o caso
Na quarta-feira, 26 de julho, Luciano teria arrumado a casa onde mora. A residência mista, de concreto e madeira, fica ao lado da casa da mãe, Elizete Boeira, 45 anos. Com a faxina, que fez tanto dentro, quanto fora do local, o caminhoneiro parecia estar esperando alguém. Conforme a família, um comerciante revelou que, naquele mesmo dia, ele teria comprado lençol e fronhas de travesseiro novos e feito questão de que os itens fossem entregues naquela quarta.
No fim do dia, o caminhoneiro teria pedido para a mãe preparar o jantar e já havia guardado a moto na garagem. Enquanto Elizete dobrava roupas e aguardava o jantar ficar pronto, ouviu o filho saindo de moto, sem dizer para onde ia. A mãe diz ter sentido um aperto no peito na mesma hora e começado a enviar mensagens e fazer ligações para o filho, pedindo que ele voltasse para casa.
Segundo Elizete, que recebeu a reportagem do Pioneiro no dia 4 de agosto, ele "saiu para ir ali e já voltar, não saiu com a intenção de não dormir em casa, deixou tudo ligado". Às 19h40min o caminhoneiro enviou uma mensagem para a mãe dizendo que tinha ido na cidade. Para o irmão Lucas Silva, Luciano revelou ter ido encontrar com a mulher. Esses foram os últimos contatos feitos com a família. Desde então, ele nunca mais foi visto.
Segundo a investigação da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público, a morte do caminhoneiro teria sido previamente combinada em 25 de julho, um dia antes do desaparecimento. Após descobrirem o relacionamento extraconjugal com Luciano, Felipe e José Balduíno, respectivamente pai e marido de Fabiana, teriam combinado com a mulher que ela seria perdoada, desde que o caminhoneiro fosse morto.
No dia 26, Fabiana, que teria concordado com o plano, teria enviado uma mensagem para Luciano marcando o encontro para resolver o futuro do relacionamento. No local, ela estaria acompanhada de Felipe, Flávio e José. Conforme a denúncia, Luciano teria sido morto por motivo torpe (a traição) e sem poder se defender.