A perícia no Passat cinza utilizado no resgate do detento Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos, encontrou 14 marcas de digitais. Por meio dessa análise, foi possível confirmar a identidade de dois dos quatro homens que participaram do ataque à UPA Zona Norte de Caxias do Sul: Walter Valim Pereira Junior, 28, e Alex Aniceto dos Reis, 46. O primeiro foi preso em um apartamento na Avenida Independência, em Porto Alegre, enquanto Reis morreu ao resistir a uma abordagem da Brigada Militar na Serra. As ações policiais aconteceram no dia 9 de junho.
A prova técnica foi anexada no inquérito policial, que deve ser remetido à Justiça na segunda semana de julho. A investigação ainda aguarda o resultado de outras perícias e a análise de dados dos telefones apreendidos. A Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul também irá agendar uma data para realizar o reconhecimento pessoal de três investigados presos: Daniel Frankin, 38, e Cristian Dionathan de Àvila Figueira, 21, além de Pereira Junior.
— São provas testemunhais e outras questões formais necessárias. O inquérito já possui provas robustas para uma condenação. Não há nada em aberto. Tudo está esclarecido — salienta o delegado regional da Polícia Civil da região de Caxias, Cleber dos Santos Lima.
A Polícia Civil confirma que, na mesma madrugada do crime, havia um segundo preso na UPA Zona Norte. Era esse detento, que é paciente oncológico, que estava sendo acompanhado por um agente penitenciário de 42 anos que foi baleado e por Clóvis Antônio Roman, 54, morto durante a ação criminosa. Os outros dois servidores da Susepe, que eram os responsáveis pela escolta de Huff, não se feriram no confronto.
A Delegacia de Homicídios colheu o depoimento de apenas um deles. A outra agente que fazia a escola de Huff entrou em licença, por isso ainda é verificada a possibilidade de seu depoimento. O agente de 42 anos que foi atingido por seis tiros de fuzil no confronto estava internado em um hospital até a semana passada, por isso os investigadores aguardavam a melhora do seu estado de saúde para ouvi-lo.
A informação de que um segundo detento estava em atendimento na UPA Zona Norte na noite do resgate é diferente do que foi divulgado inicialmente pelas autoridades, de que quatro agentes participavam da escolta de Guilherme Huff, levado até a UPA devido a uma suposta crise renal. A investigação aponta que eram duas escoltas: a primeira de dois agentes com um preso que é paciente oncológico e a outra dupla de policiais penais que chegaram com Huff.
O ataque a unidade de saúde aconteceu dez minutos após a chegada da segunda escolta, por volta das 3h15min, com Huff. O agente Roman e um colega entraram em confronto com três homens que tentaram invadir a UPA. Os criminosos foram repelidos e fugiram sem levar Huff. Na confusão, porém, o preso que seria resgatado pegou uma arma e atirou contra Roman, que morreu.
Após a fuga, o superintendente da Susepe, José Giovani Rodrigues, declarou que a movimentação dos agentes e apenados até o atendimento médico aconteceu da forma que foi possível naquele momento, ressaltando que não há atendimento médico noturno na Penitenciária Estadual no Distrito do Apanhador.
COMO FOI O ATAQUE À UPA
:: Guilherme Fernando Mendonça Huff foi preso no dia 17 de janeiro no Vale do Taquari, durante uma ação da Brigada Militar que apreendeu um carregamento de 841 quilos de maconha na BR-386. Huff foi transferido à Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito de Apanhador, por decisão da Justiça Federal.
:: Na madrugada de 7 de junho, Huff solicitou atendimento médico devido a uma possível crise renal. Como não há atendimento médico noturno na penitenciária, ele foi escoltado para a UPA Zona Norte.
:: A escolta chegou na casa de saúde às 3h15min. Menos de 10 minutos depois, um Passat cinza parou no pátio da UPA Zona Norte e três homens desembarcam vestidos com uniformes da Polícia Civil e portando armas longas.
:: Houve confronto com dois agentes penitenciários. Imagens das câmeras de monitoramento mostram quando um servidor de 42 anos é atingido por tiros de fuzil pelas costas. Na troca de tiros, os criminosos fugiram com o Passat e deixaram Huff na unidade de saúde.
:: Mesmo algemado, Huff foi até o agente baleado e pegou sua arma. Foi com essa pistola que ele matou o agente Clóvis Antônio Roman, 54. Na sequência, Huff rendeu uma mulher e a obrigou a dirigir até Farroupilha, onde um comparsa o aguardava para continuar a fuga.
:: Menos de 10 horas após o ataque, a Polícia Civil encontrou a casa que havia sido alugada pelo bando criminoso, na Rua Ludovico Cavinato, em Caxias do Sul. Na moradia, foram encontrados o Passat cinza, com placas de Criciúma, três fuzis, uma espingarda, coletes balísticos e a algema usada por Huff.
:: A mobilização das forças de segurança encontrou os suspeitos do ataque à UPA Zona Norte no dia 9 de junho. Huff estava em um apartamento na Avenida Independência, em Porto Alegre, mas cometeu suicídio ao perceber a ação policial. Outros três homens e uma mulher foram presos em diferentes cidades gaúchas. Um colega de cela de Huff na cadeia do Apanhador também é investigado. O último procurado morreu em confronto com a BM em Caxias do Sul.