Alvo do resgaste que tirou a vida de um servidor penitenciário na madrugada de segunda-feira (7) em Caxias do Sul, na Serra, Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos, foi preso em flagrante em 17 de janeiro no Vale do Taquari. Na data, a Brigada Militar apreendeu um carregamento de 841 quilos de maconha que estava sendo descarregado de uma carreta bitrem no estacionamento de um minimercado na BR-386, em Pouso Novo.
No momento da prisão, o motorista do caminhão estava passando 31 fardos de maconha para cinco indivíduos que colocavam os pacotes dentro de cinco veículos. Além de Huff, mais quatro homens foram presos e um sexto conseguiu fugir. O carregamento vinha do Mato Grosso do Sul e passou pela fronteira do Paraguai.
Devido ao flagrante, Huff responde a processo por tráfico internacional de drogas e estava preso na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito de Apanhador, por decisão da Justiça Federal. Natural de Lajeado, ele é integrante de facção com base no Vale do Sinos e atuava no Litoral Norte e no sul de Santa Catarina. Devido à ligação com o Estado vizinho, sua defesa já havia pedido transferência para o Presídio Regional de Araranguá. Em 25 de março, a mudança para SC foi autorizada pela Vara de Execuções Criminais de Caxias do Sul, mas ainda que ainda não havia se concretizado. Na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, Huff não tem condenações.
Um dos focos da investigação da Polícia Civil é entender qual é a relevância de Huff dentro da organização criminosa para a qual atua:
— Queremos saber se ele foi resgatado por ter dinheiro e financiar essa fuga ou se tinha alguma importância dentro da facção. Não temos nenhuma informação de que ele seja alguém relevante. Esse é um dos motivos da investigação — afirma o delegado de Caxias do Sul, Vitor Carnaúba, que trabalha no caso.
O resgate de Huff mobilizou pelo menos seis homens. Todos eles já foram identificados pela Polícia Civil. Por volta das 3h15min de segunda-feira, Huff chegou à UPA Zona Norte de Caxias do Sul escoltado por quatro agentes penitenciários, reclamando de uma suposta cólica renal. Três criminosos invadiram a unidade 10 minutos depois, enquanto um quarto aguardava dentro de um veículo Passat. Ao trocarem tiros com os servidores, fugiram do local deixando o preso para trás.
As imagens das câmeras internas da UPA mostram que Huff estava algemado quando pegou a arma de um agente e atirou contra Clóvis Antônio Roman, 54 anos. O agente morreu no local. Sem os comparsas, Huff fez uma mulher que estava na UPA de refém, pegou seu carro e a obrigou a dirigir em direção a Farroupilha. Seguiram pela RS-453 e quando passaram o acesso à estrada que liga ao Santuário de Caravaggio, um veículo Gol preto já aguardava por Huff para seguir a fuga. A jovem foi liberada sem ferimentos.
Roman será sepultado em Santa Catarina, no município de Descanso. Era formado em Direito e atuava havia três anos na Susepe. O outro agente também foi gravemente ferido no ataque. Passou por uma cirurgia após levar o um tiro de calibre 12, com ferimentos na perna, no quadril e em uma das mãos. Está consciente e fora de perigo.
— Vamos entender qual o papel do preso que fugiu na facção criminosa pois foi algo organizado. Envolve dinheiro, aluguel de arma, carro, ele tinha vários outros crimes na região de Três Cachoeiras e Santa Catarina e vivia entre o Litoral Norte e Santa Catariana — afirma o delegado regional de Caxias do Sul, Cleber Lima.
Por volta do meio-dia de segunda-feira, a polícia encontrou o Passat, com placas de Criciúma, usado na fuga pelos criminosos que invadiram a UPA, em uma casa abandonada no bairro Pioneiro. No local, também foram encontradas armas, sendo três fuzis e uma espingarda, além de coletes, a algema usada por Huff, munições e rádios para comunicação. A casa passou por perícia.