O resgate do preso Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos, por comparsas, na madrugada desta segunda-feira (7), terminou na morte do agente da Susepe Clóvis Antônio Roman, 54 anos. Na ação, outro agente e funcionários da UPA Zona Norte em Caxias do Sul ficaram feridos. Na fuga da unidade de saúde, uma mulher foi levada como refém por Huff, mas foi liberada logo em seguida sem ferimentos. As informações foram confirmadas pelo delegado regional em Caxias do Sul, Cleber dos Santos Lima, durante entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Quatro agentes da Susepe levaram o detento da Penitenciária Estadual no Apanhador para a UPA, devido a uma possível crise renal. Eles chegaram na casa de saúde por volta das 3h e, em seguida, quatro homens ligados ao preso invadiram o local atirando. Três homens armados, com touca e luvas entram na unidade; o quarto aguardou em um veículo Passat estacionado próximo da entrada da unidade de saúde. Segundo a Susepe, eles portavam armas longas e estavam vestidos com uniformes da Polícia Civil. O grupo disparou contra os servidores na tentativa de libertar Huff. Na troca de tiros, fugiram com o Passat e deixaram Huff na unidade de saúde.
— Depois do confronto com os agentes, o trio fugiu sem concretizar o resgate — afirma o delegado.
Dos quatro indivíduos que fugiram antes de Huff, dois já foram identificados pela polícia. Dentro da UPA, já sem os comparsas, o preso pegou a arma de um agente da Susepe, que foi baleado, e atirou em Roman.
— Dentro da dinâmica, o agente foi baleado e a arma dele caiu no chão. O próprio preso pegou a arma e acabou matando o agente penitenciário — explica o delegado.
Huff acabou baleado no ombro. Como o resto do grupo já tinha fugido, o preso fez de refém uma mulher que acompanhava o pai em atendimento e a obrigou a entrar no próprio carro – um C3, da vítima – e a dirigir em direção a Farroupilha.
Seguiram pela RS-453 e quando passaram o acesso à estrada que liga ao Santuário de Caravaggio, um veículo Gol preto já aguardava por Huff, que seguiu em fuga. A jovem foi liberada sem ferimentos.
— É um preso extremamente violento. Exige uma atenção especial de todos que trabalham nesta área — disse Lima.
Na tarde desta segunda-feira, a polícia apreendeu o Passat, armas longas, colete a prova de balas, munição e radiocomunicadores em uma residência no bairro Pioneiro, em Caxias. A casa passou por perícia.
Questionado sobre ter sido retirado da cadeia de madrugada, o delegado afirma que o detendo fingiu estar passando mal.
— É difícil falarmos sem conhecer a estrutura da Susepe e como estava no dia específico. Não podemos deixar um apenado sob a custódia do Estado morrer por falta de atendimento médico. Não sei que circunstâncias levaram esse apenado a fingir que tinha uma crise renal e com dores fortíssimas — afirmou.
Lima acredita que a ida para a UPA certamente foi forjada pelos criminosos:
— Não é normal que um preso vá ser atendido às 4h. Houve com certeza a preparação para esse crime — afirmou.
Huff foi transferido para Caxias em março deste ano para cumprir pena relacionada à 5ª Vara Federal. Ele é de Lajeado e tem histórico de ocorrências tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina, segundo a polícia.
Segundo a secretaria municipal de Saúde, os outros feridos na ação dentro da Upa são uma higienizadora e um agente de portaria, que passam bem. Questionada sobre como é feita a segurança na Upa Zona Norte, a assessoria de imprensa da secretaria municipal da Saúde disse que não dá detalhes por questão de segurança.
Por meio de nota, a Susepe informa que deslocou equipes táticas do Grupo de Ações Especiais (GAES) e Grupo de Intervenção Regional da 8ª, Departamento de Segurança e Execução Penal operacional e Departamento de Inteligência Penitenciária, para efetivar os procedimentos de investigação. O texto diz, ainda, que a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen), além da Susepe, assim como o governo do Estado, "solidarizam-se com os familiares e demais servidores pela lastimável perda".