Um grupo de 27 pessoas se deslocou do Rio Grande do Sul para acompanhar as últimas homenagens ao agente da Susepe Clóvis Antonio Roman, 54 anos, que foi morto em serviço na madrugada de segunda-feira (7) na Upa Zona Norte de Caxias do Sul. Roman foi sepultado na manhã desta terça-feira (8) no interior do município de Descanso, em Santa Catarina. A ação criminosa que terminou na morte do agente resultou também na fuga do apenado Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos. Huff teve o apoio de pelo menos quatro comparsas. Até a tarde desta terça, ninguém havia sido localizado pela polícia.
A chefe de segurança da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, Paula dos Santos Pola, descreve Roman com um colega muito querido pela equipe:
— Eu fiz a fala no funeral e, como falei lá, nós tínhamos ele não como um colega, mas como um amigo. O Clóvis era um irmão de todos nós. Ele era o nosso poeta, intelectual, um florista que deixava o ambiente mais agradável com as florzinhas que ele gostava de plantar. Era um colega que estava sempre disposto a tudo, tanto que tombou fazendo a obrigação dele quando viu que o colega estava caído (outro agente que foi atingido por disparos durante a ação criminosa na UPA) — descreve Paula, que trabalhava diretamente com Roman.
Segunda a chefe de segurança da penitenciária, Roman era solteiro e deixa a mãe e irmãos. Ele era formado em Direito e atuava na Susepe desde 2018. Hoje, no dia do sepultamento, foi publicado no Diário Oficial do Estado que Roman havia cumprido o estágio probatório e, portanto, estava oficializado como servidor público com estabilidade no cargo.
Vanessa Streb, outra colega de profissão do servidor, deixou uma homenagem em rede social. Confira abaixo:
"Em 11 de abril de 2018, um discurso encheu de lágrimas os olhos de servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários. A ocasião foi a formatura da II Edição do 32º Curso de Formação Profissional de Agente Penitenciário e IV Curso de Formação de Agente Penitenciário Administrativo. As palavras sobre sonhos, emotivas e cheias de orgulho, foram proferidas pelo AP de sorriso tímido Clóvis Antônio Roman, à época com 51 anos. O tema escolhido por ele definia o sentimento de quem traz uma bagagem de vida até a conquista de uma vaga em um concurso público muito concorrido e com diversas etapas. O representante da turma para o ato era bageense e trabalharia em uma das penitenciárias da cidade de Caxias do Sul, conhecida popularmente como Apanhador.
Assim como no encerramento do curso de formação, Clóvis fez muitos colegas chorarem novamente. Dessa vez, porém, a emoção deu lugar à tristeza. Na madrugada gélida da cidade, em uma unidade de pronto-atendimento, esse guerreiro tombou cumprindo o juramento que fizera. Entretanto, ele e o colega não recuaram e honraram a instituição que levavam estampada no uniforme. Mesmo diante das intempéries e com poder de defesa menor, lutaram bravamente. Ambos foram feridos com tiros e o Clóvis, infelizmente, não resistiu.
As lágrimas de hoje têm gosto de sangue!
Desejo que Clóvis Antônio Roman não seja apenas o nome de um novo estabelecimento prisional, mas que seja reconhecido de fato e de direito em nosso Estado, assim como em todo o país, o trabalho policial realizado pelos servidores penitenciários."