Há 15 anos, Caxias do Sul possui apoio aéreo para qualquer emergência. O 1º Esquadrão Independente de Aviação atua em missões de policiamento, resgate e salvamento, transporte de órgãos, apoio a grandes eventos e, mais recentemente, a entrega de vacinas contra o coronavírus. A base aeropolicial da Serra conta com um helicóptero Esquilo HB 350B, três pilotos e cinco operadores aerotáticos.
A aviação é uma estrutura de alto custo, por isso sua atuação não tem foco na rotina. A missão do 1º Esquadrão é estar preparada para qualquer necessidade. A base da Serra é responsável por 250 municípios da metade norte do Estado e a velocidade do helicóptero possibilita chegar até Santa Rosa em menos de duas horas — o que seriam mais de 480 quilômetros pelo modelo rodoviário.
— Precisamos estar preparados e com equipamento adequado para qualquer situação de emergência. Ninguém quer que aconteça, mas temos que estar preparados porque pode acontecer. Além da velocidade, temos um campo de visão privilegiado que pode auxiliar em diversos tipos de ocorrência — ressalta o major Marcos Teixeira, que atua em Caxias do Sul desde 2013.
Esse tempo de resposta ficou evidente no roubo a banco em Ibiraiaras em dezembro de 2018. O helicóptero policial foi acionado e chegou logo após a troca de tiros entre os bandidos e os únicos dois PMs que atuavam na cidade naquela manhã — que ocasionou a morte de um gerente do Banco do Brasil.
— Foi uma das (ocorrências) mais emblemáticas, pois nossa equipe chegou a tempo de observar quando os criminosos se esconderam e um refém conseguiu fugir da mata. Fomos os primeiros a chegar e congelar a área, permitindo o cerco policial — relembra o major Teixeira, sobre a perseguição que levou a um novo confronto com seis assaltantes mortos.
A patrulha aérea foi uma das estratégias policiais contra os roubos a bancos, que estavam em alta na Serra entre 2017 e 2018. Os ataques costumavam acontecer a luz do dia e os bandidos tinham por alvo cidades pequenas com poucos policiais disponíveis.
— Fazíamos voos quase diários. O fator psicológico é bem importante. Quando a aeronave faz um sobrevoo, o bandido já pensa duas vezes e até desiste da ação criminosa, principalmente estas maiores (como roubos a banco). Por vezes, não localizamos o delinquente, mas ele se entrega por perceber a aeronave em cima dele. Também tem o fator motivacional para a tropa que está no terreno, pois percebe que tem este apoio, esta controle do céu que pode avaliar todos os riscos e passa esta proteção — descreve o major Teixeira.
Apesar do treinamento policial, a missão do 1º Esquadrão Independente de Aviação é muito mais ampla. A equipe é capacitada e equipada para salvamentos em cânions e rios, como aconteceu no resgate de jipeiros em Jaquirana em 2018. O apoio aéreo também é acionado em manifestações e eventos com multidões. A Defesa Civil também conta com este olhar dos céus, como aconteceu na verificação de barragens e nas enchentes no Vale do Taquari no ano passado.
Base busca apoio para comprar nova aeronave
Para se manter cada vez mais preparada, o 1º Esquadrão Independente de Aviação elaborou um projeto para adquirir um helicóptero mais moderno. A proposta esta disponível para que empresários destinem o seu imposto via Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg). O investimento necessário é de R$ 10 milhões.
— Prevemos um modelo parecido com o atual, só que será uma aeronave mais moderna, com mais potência e que requer menos manutenção. Teremos acréscimo de velocidade e capacidade de carga, o que representa um maior alcance. É uma melhoria na qualidade deste atendimento que prestamos, que tem como público-alvo a sociedade — aponta o capitão Marcelo Constante, que atuou no policiamento de Caxias do Sul antes de se formar piloto.
A aeronave atual da base aeropolicial da Serra é de 1982. O helicóptero completará 40 anos de serviço ao governo estadual em setembro. A aeronave está em Caxias do Sul desde 2017 e é considerada em bom estado. Contudo, um helicóptero moderno resultaria em mais segurança e capacidade de trabalho para equipe da Serra.
No ano passado, o direcionamento dos impostos pagos por empresários resultou em um investimento de R$ 1,5 milhão para a segurança pública da Serra. O valor que cada empresário pode destinar ao combate à violência corresponde a 5% do ICMS — principal imposto estadual cobrado sobre a circulação de mercadorias e serviços. Esse valor não é uma doação, mas sim um direcionamento de parte do imposto que o empresário precisa pagar de qualquer forma. A contrapartida do empresário é de 10% do valor direcionado, que é depositado em um Fundo Pró-Segurança Pública para fomento à prevenção com foco em crianças e jovens.