O edital para contratar a empresa responsável por recuperar a pista de pousos e decolagens do aeroporto de Caxias do Sul terminou fracassado, mesmo com três propostas. Duas empresas foram inabilitadas, por não cumprirem requisitos técnicos, enquanto que a terceira foi desclassificada devido a questões orçamentárias. As ofertas foram apresentadas no dia 18 de setembro e o resultado publicado nesta quarta-feira (2).
O recapeamento asfáltico da pista já era planejado desde o ano passado, devido a rachaduras. Em 6 de novembro, por exemplo, as operações chegaram a ser interrompidas devido ao surgimento de um buraco, consertado no mesmo dia. Uma fiscalização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o fechamento do aeroporto Salgado Filho em função da chuva de maio aumentaram a urgência das obras.
O valor máximo determinado para o trabalho era de R$ 5.959.685,94. Dentre as concorrentes, a Vivacom Comércio e Serviços Ltda, com sede no Rio de Janeiro, ofereceu o serviço pelo menor valor, com R$ 1 de desconto. A empresa, porém, não apresentou todas as comprovações exigidas no certame e não foi habilitada.
A segunda colocada foi a construtora gaúcha Toniolo, Busnello SA, que propôs realizar a obra pelo valor limite. No entanto, a empresa também teve pendências em relação à documentação técnica. A também gaúcha Traçado Construções e Serviços Ltda demonstrou interesse na obra, mas solicitou cerca de R$ 9 milhões e acabou desclassificada.
De acordo com o secretário de Trânsito, Alfonso Willenbring Júnior, a equipe da pasta está em contato com o Tribunal de Contas do Estado (TCE) para definir as próximas ações, inclusive com relação ao orçamento.
— Vamos definir na segunda-feira ou na terça-feira se fazemos um novo pleito ou uma contratação direta. Tem argumento para as duas possibilidades — garante.
Ainda segundo o secretário, a análise de capacidades técnicas tem sido rigorosa para evitar qualquer risco de que as obras venham a paralisar as atividades do aeroporto. O terminal tem voos das 6h30min até próximo das 20h. O horário noturno, portanto, é o intervalo possível para o trabalho das equipes e a pista precisa estar em condições operacionais no dia seguinte. Por conta disso, todo o maquinário deverá ter uma segunda unidade reserva para o caso de defeito, o que encarece a obra. Além disso, o canteiro de trabalho precisa ser montado e desmontado diariamente.
— É uma operação complexa, muito diferente de asfaltamento rodoviário — destaca Willenbring.
Caso a opção seja pela contratação direta, existe a possibilidade de se iniciar a obra ainda em outubro. Já uma nova licitação demandaria prazo maior.
Material com características próprias
O projeto prevê a remoção da camada asfáltica de oito metros para cada lado a partir do eixo central de todos os 1.940 metros de pista. A área totaliza 36,6 mil metros quadrados. Em seguida será aplicado um novo pavimento de cinco centímetros de espessura. O material tem características próprias para a operação de aeronaves, como mistura de polímeros. Não será necessário recuperar a base da pista.
O recapeamento tem duração prevista de quatro meses e vai ocorrer inclusive em uma área da pista atualmente não homologada para uso. A consultoria contratada pelo município para planejar melhorias no aeroporto estuda a possibilidade de utilizar o trecho de cerca de 230 metros para decolagens. Para isso, é preciso homologação por parte da Anac, o que deve ser solicitado após as obras. A utilização dessa extensão para pousos não é possível devido à existência de obstáculos na aproximação.