Ayla Dornelles é a primeira bebê a nascer na nova maternidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Virvi Ramos, em Caxias do Sul. Com 3,5 quilos e 51 centímetros, a pequena entrou para a história de Caxias do Sul por ser a primeira criança a nascer no local após o serviço deixar de ser prestado em estrutura no Hospital Pompéia. A mãe, Taine Lemes Correa, 29 anos, conta que a bebê não era planejada.
— Nós marcamos a laqueadura e, quando eu fui fazer, eu descobri que já estava de um mês e pouquinho, mas é muito bom — orgulha-se.
O pai, Celso Dornelles Júnior, de 49 anos, é natural de Caxias do Sul, mas Taine é de Dom Pedrito, na região da fronteira com o Uruguai. Os dois se conheceram em Caxias, porque Taine se mudou há mais de 20 anos com a mãe, que veio à Serra para trabalhar. Juntos, formam uma família com três filhos: Vitória, de 13 anos, Robert, de 8, e a pequena Ayla, recém-nascida.
Taine não sabia que a maternidade do SUS tinha mudado de hospital nesta manhã, quando soube que precisaria marcar sua cesárea. No entanto, em uma conversa com o obstetra, o médico indicou que buscasse o Hospital Virvi Ramos:
— Foi uma surpresa. Eu me informei na parte da manhã e o meu médico me orientou a vir pra cá. Fecharam as 39 semanas e o médico estava observando, para ver se tinha contração e dilatação. Eu tinha contrações, mas dilatação não. E eu queria cesárea — conta.
A nova maternidade de Caxias do Sul para atendimento via SUS abriu nesta segunda-feira (1º) no Hospital Virvi Ramos, fruto de uma parceria entre prefeitura e a Associação Cultural e Científica Virvi Ramos. Os atendimentos se iniciaram a partir de 8h. O espaço no bairro Madureira opera em um local transitório até que a nova ala esteja completamente pronta. O espaço em operação conta inclusive com UTI neonatal com oito leitos, serviço que não era mais ofertado no Pompéia.
Logo após o início dos atendimentos, Taine chegou ao hospital para marcar a cesárea, por volta das 9h30min. O procedimento foi marcado para as 11h30min e Ayla nasceu às 12h12min.
— É uma emoção, né? Tudo diferente. Eu me sinto bem tranquila em ser mãe. Parece que eu não tenho filho, porque a gente tem uma amizade bem grande. A minha filha já é uma pré-adolescente. E o mais novinho tem oito anos, então somos mais amigos — diz.
A maternidade no Virvi Ramos fica integralmente com os serviços e atendimentos que eram prestados no Pompéia até este domingo (30). De acordo com a secretária municipal da Saúde, Daniele Meneguzzi, no local anterior, era uma média de 120 partos por mês e de 400 a 600 atendimentos de urgência obstétrica. Além do Virvi, o Hospital Geral também atende o mesmo serviço pelo SUS.
Por que a maternidade saiu do Pompéia
A abertura da maternidade SUS no Virvi Ramos encerra um imbróglio que surgiu em agosto de 2022. Na época, a direção do Hospital Pompéia anunciou o encerramento do setor materno-infantil. A justificativa foi a situação financeira da instituição.
A partir do anúncio, Pompéia e prefeitura negociaram uma renovação de contrato para uma transição da maternidade para outra instituição. O funcionamento, com gerência do hospital, foi válido até dezembro de 2023.
No final do ano passado, o município e o hospital formalizaram outro acordo: o espaço seria cedido para que o município passasse a administrar o serviço enquanto a instalação no Virvi Ramos seria concluída. Em novembro, o convênio com o hospital do bairro Madureira estava acertado.
Até este momento, a maternidade no Pompéia foi gerida pela prefeitura, que terceirizou o serviço com a empresa Ideas. Ou seja, a organização foi a responsável por contratação e gestão da equipe.