Ao menos cinco pontes da Serra gaúcha foram danificadas pela forte chuva registrada entre o fim de abril e maio. Além disso, a balsa instalada na RS-431 para manter a ligação entre Bento Gonçalves e São Valentim do Sul, já que a ponte que foi derrubada pela água em setembro de 2023 também não resistiu.
Entre pequenos estragos e estruturas inteiras levadas pelas águas, prefeituras têm se desdobrado na busca por soluções temporárias. A estimativa é que as administrações já tenham investido R$ 435 mil na construção de estruturas provisórias. Praticamente todos os municípios atingidos estão em tratativas com os governos estadual e federal em busca de verbas para custear novas pontes.
Enquanto isso, diversos pontos da região seguem com o trânsito interrompido ou prejudicado pelas avarias nas pontes. Confira a situação das principais pontes que interligam cidades na região:
Pontes levadas pelas águas
Em Santa Tereza, na Rua Saldanha Marinho
Levada pela água do Arroio Barramansa em 30 de abril, a ponte conectava Santa Tereza com localidades do interior. A prefeitura já cadastrou junto à Defesa Civil Nacional um projeto para construção de uma nova ponte. A estimava de investimentos no projeto é R$ 3,5 milhões.
Entre Vista Alegre do Prata, Nova Prata e Fagundes Varela, na RS-441
A ponte que interligava os três municípios foi levada pelo Rio Não Sabia, em 1º de maio. O governo federal já aprovou um projeto para reconstruir a ponte no local. A estimava é que R$ 4,9 milhões sejam destinados.
Conforme o prefeito de Vista Alegre do Prata, Adair Zecca, cerca de 30% da cidade ficou sem acesso ao Centro. Diante desse cenário, a prefeitura planeja a construção de uma ponte temporária, principalmente para garantir o fluxo de alunos e pacientes. A estrutura será instalada em um terreno particular cerca de cem metros acima da ponte que foi destruída. A estimativa é de que R$ 400 mil sejam necessários. A iniciativa privada sinalizou aporte financeiro para o projeto.
Entre Nova Prata e Fagundes Varela, na Linha Bento Gonçalves
Principal acesso dos moradores de Nova Prata à cidade vizinha, a ponte foi levada em 1º de maio pelo arroio que passa no local. A prefeitura de Nova Prata construiu uma ponte provisória que permite o fluxo de veículos no local. A estrutura contou com R$ 35 mil de investimentos do caixa do município.
A prefeitura também busca junto à Defesa Civil Federal recursos para a construção de uma ponte definitiva. Equipes estão analisando as cabeceiras da ponte que foi levada e estão avaliando a viabilidade da obra. A perspectiva é que a nova estrutura tenha 15 metros de comprimento (cinco metros maior do que a danificada pela água). O projeto tem orçamento inicial de R$ 1 milhão e deverá ser iniciado ainda neste ano.
Entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na RS-431
Parte da estrutura foi levada pela força do Rio das Antas no dia 15 de maio. Desde então, a encosta do rio nas proximidades da ponte vem sendo estudada por militares de Santa Catarina e bombeiros de Bento Gonçalves. A partir do reconhecimento da área, há a possibilidade de instalar uma ponte móvel para interligar as cidades. Uma campanha promovida pela Associação Comercial, Cultural e Industrial de Veranópolis (Aciv) está buscando doações para a reconstrução da ponte. Até o momento, R$162 mil já foram arrecadados.
Outra ponte, entre Cotiporã e Dois Lajeados, na Rota Água e Vales, foi levada pelo Rio Carreiro em setembro do ano passado. A prefeitura de Cotiporã já possui um projeto cadastrado junto à Defesa Civil para a reconstrução. O valor inicial da obra é R$ 7 milhões. O próximo passo é a licitação da obra. A estimativa é que a ponte fique pronta em um ano.
Ponte entre Caxias e Nova Petrópolis deve ser demolida
A estrutura no Km 174 na BR-116 está interditada desde 12 de maio, quando um dos pilares de sustentação cedeu com a força do Rio Caí. Nesta semana, técnicos do Dnit avaliaram o local e sugeriram a demolição dessa estrutura para a construção de uma nova.
A nova ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis não terá pilares no centro do Rio Caí, diferentemente da travessia atual, que cedeu com a chuva das últimas semanas. O objetivo é evitar que a água e os entulhos façam pressão excessiva sobre a estrutura.
Conforme o ministro dos Transportes, Renan Filho, as obras da nova ponte devem começar em junho. O prazo de finalização da construção é de seis meses.
No dia 25, o Dnit iniciou a construção de uma ponte provisória para reestabelecer o acesso entre as cidades. A estrutura sobre o Rio Caí será instalada em um desvio da BR-116, entre Vila Cristina e São José do Caí. A obra deve ser finalizada até a segunda quinzena de junho.
Balsa entre Bento e São Valentim foi levada
A ponte original entre Bento Gonçalves e São Valentim do Sul, no Km 22 da RS-431, foi destruída pela enchente do Rio Taquari em setembro de 2023. Em março deste ano, o governo federal anunciou o repasse de R$ 24,51 milhões para a reconstrução da estrutura. A licitação para realizar o projeto foi aberta no dia 17 de abril. As empresas interessadas em executar a obra têm 60 dias para se habilitarem.
Como solução temporária, o governo do Estado contratou, em fevereiro, uma empresa para fazer a travessia entre as cidades por balsa. No entanto, o serviço está suspendo desde o início de maio. Isso porque a balsa utilizada foi levada pelo Rio Taquari até Lajeado. A prefeitura de São Valentim do Sul já solicitou ao governo estadual a retomada do transporte. A expectativa é que o serviço seja retomado em julho.
Mesmo sem danos estruturais, Ernesto Dornelles segue interditada
O grande volume de chuvas causou um desmoronamento de terra que atingiu a cabeceira da Ponte Ernesto Dornelles, na BR-470, em Veranópolis. Uma parte dos guarda-corpos, também próximo à entrada de Veranópolis, foi levada pela força da água. Os reparos na estrutura já foram iniciados pelo Dnit.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram as juntas das ponte se mexendo, em um movimento de balanço. Apesar da intensa chuva e desmoronamento de terra que atingiu a ponte, não há riscos de a construção desabar. A estabilidade da estrutura foi confirmada por Adalberto Jurach, chefe de Serviços do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Segundo ele, a movimentação observada na ponte é normal, já que todas as estruturas possuem juntas de dilatação, que além de movimentar a ponte, evitam rachaduras e trincas. Mesmo com a situação estável, a Ponte Ernesto Dornelles está fechada para o fluxo de veículos. Contudo, há a possibilidade do espaço voltar a ser aberta caso o fluxo da BR-470 for liberado para veículos leves no final de junho.
Em Nova Roma e Campestre da Serra, estruturas resistiram
As chuvas registradas nas últimas três semanas elevaram o nível do Rio das Antas. Apesar de chegar muito próximo da altura da estrutura, o rio não causou prejuízos à ponte entre Nova Roma do Sul e Farroupilha, na RS-488. A estrutura que interliga as cidades foi construída por uma iniciativa popular após a enchente de setembro de 2023 ter levado a conhecida ponte centenária.
Além disso, a ponte entre Campestre da Serra e São Marcos na BR-116 não foi afetada pela chuva de maio, contudo a rodovia que dá acesso à ponte está com dois pontos de bloqueio. Em setembro do ano passado, a ponte foi interditada após danos causados por fortes chuvas.