O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de Caxias do Sul fez uma inspeção no Hotel Pieta, em Garibaldi, onde uma idosa de 73 anos foi encontrada, no última dia 31 de janeiro, após a Polícia Civil ter recebido denúncia de maus-tratos e situação análoga à escravidão. Na ação, que ocorreu na tarde desta segunda-feira (6), profissionais do MTE encontraram o ambiente diferente do visto pelos policiais uma semana atrás. Nesta tarde, cozinha, quarto e banheiro estavam limpos e o quarto tinha luz elétrica, o que não havia quando a mulher, que estava desaparecida há 44 anos, foi localizada pelos agentes.
Segundo o gerente do MTE, Vanius Corte, o ambiente passou por alterações desde a chegada da Polícia Civil no hotel, na última terça. Pelas novas imagens é possível ver que os móveis da cozinha, que estavam quebrados, foram consertados e que o banheiro, que não tinha pia, ganhou uma nova.
— Teve toda uma preocupação em alterar o ambiente anterior, para reduzir aquele impacto negativo que as primeiras imagens mostravam. Isso para gente não é novidade. Sempre que ocorre uma fiscalização e que a gente se depara com condições degradantes, na segunda ida a gente percebe que o local está alterado — afirma Corte.
Ainda conforme Corte, a alteração mostra que não era difícil melhorar as condições que a idosa morava, caso houvesse vontade do local em fazer melhorias.
— A gente vê que não eram coisas tão complexas, porque foram feitas rapidamente. Essa alteração dá a ideia de que se fosse necessária uma grande obra para tornar o local adequado, a gente até poderia tentar compreender. Não foi esse o caso, tendo o mínimo de preocupação tu mudas o ambiente, o que fizeram é sinal de que houve um descaso com essa pessoa que estava submetida a essas condições — revela o gerente.
De acordo com o Ministério do Trabalho, uma notificação foi deixada no hotel para que documentos trabalhistas que mostram a situação de regularidade do estabelecimento sejam apresentados até a próxima sexta-feira (10). O próximo passo do órgão será conversar com a idosa, que está em Cachoeirinha na casa de familiares, ainda nesta semana.
O órgão afirma estar reunindo todos os elementos necessários para "chegar num entendimento" sobre existir ou não o vínculo empregatício do hotel com a idosa e afirmar se houve condição de trabalho em situação análoga à escravidão.
Em contato com a reportagem, o assessor jurídico do hotel, Flávio Green Koff, afirmou que "não houve alteração nenhuma" no local e que as mudanças foram apenas parte de uma limpeza, levando em conta que a idosa não deixava ninguém se aproximar do ambiente onde ela vivia.
— O armário deve ter caído e quebrado o pezinho, só colocaram no lugar pra não deixar assim, até porque vão habitar de novo. É um lugar perfeitamente habitável, não é subsolo, ele fica no térreo, no mesmo nível da portaria — afirma Koff.
Ainda conforme o profissional, o hotel atenderá ao prazo definido pelo Ministério do Trabalho para a entrega dos documentos e auxílio no que for necessário para o esclarecimento de fatos.