O caso da idosa que estava desaparecida há 44 anos e foi encontrada na terça-feira (31), no Hotel Pieta, em Garibaldi, tem um novo desdobramento. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) investigará se a mulher de 73 anos foi vítima de trabalho análogo à escravidão no estabelecimento em que morou nos últimos 33 anos. Conforme o gerente do órgão em Caxias do Sul, Vanius Corte, o inquérito da Polícia Civil daria indícios de que a mulher pode ter vivido nesta condição. As autoridades chegaram à idosa porque receberam uma denúncia de que ela sofreria maus-tratos.
— Nós passamos o dia fazendo contatos e na segunda-feira vamos lá (no município) para ver se tratamos isso como questão de trabalho análogo à escravidão e fazemos o procedimento — explica Corte.
Em contato com a reportagem, o assessor jurídico do Hotel Pieta, Flávio Green Koff, disse que a idosa, conhecida no local como Luíza, chegou a trabalhar para o hotel entre 1990 e 2000, mas, desde então, não tinha mais atividade funcional e era apenas sustentada pela família Pieta, proprietária do estabelecimento.
Segundo ele, a mulher não queria ir embora e não tinha documentação, permanecendo no local. Atualmente, ela residia em um quarto de nove metros quadrados e tinha acesso a um banheiro, que ficava cerca de 20 metros distante da peça. No quarto, ela tinha uma cozinha, onde preparava o próprio alimento, quando não queria se alimentar no hotel. O advogado garante que ela tinha acesso ao restaurante e que podia pegar dinheiro para ir ao mercado ou farmácia, por exemplo. Falou ainda que ela não deixava ninguém se aproximar do quarto e da cozinha. E que, com isso, era difícil o acesso, mas, ela permanecia ali livre e à vontade, tornando-se quase uma pessoa da família.
O advogado disse ter feito um levantamento com os funcionários do hotel, os quais afirmaram que ela está em perfeitas condições de saúde, que o local que ela dormia estava limpo e que ela é uma mulher com aparência saudável.
Após ser encontrada, a idosa se reuniu com a família, que mora em Cachoeirinha.
