A Serra ocupa a 17ª posição com 13,5% de vacinados com a segunda dose da vacina contra o coronavírus entre as 21 regiões covid-19 do governo do Estado. Os dados referentes a vacinação constam no site do sistema 3As. Em contrapartida, se considerar o levantamento entre as 18 Coordenadorias de Saúde, a 5ª CRS, que contempla 49 municípios da região, a Serra ocupa o último lugar, com 34% da população vacinada com a primeira dose. Os dados citados são de terça-feira (29), já que são avaliados uma ver por semana.
É importante ressaltar ainda que cada município monitora o avanço da vacinação com critérios diferentes para medir o progresso na aplicação das doses. Há os que usam o próprio painel e repassam as informações ao Estado, os que mantém um levantamento de dados com as secretarias municipais da Saúde, e outros ainda que mantém o controle com os dados lançados no sistema do governo do Estado. Por isso, às vezes, ocorre defasagem na apuração das informações.
Durante encontro da Associação dos Municípios da Encosta Superior Nordeste (Amesne), na quarta-feira (30), realizado no auditório da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, reunindo prefeitos, vice-prefeitos e secretários de Saúde da região, a integrante do Comitê Técnico da Amesne, Marijane Paese apresentou dados e abordou o enfrentamento à pandemia.
— O Estado diz, pelo levantamento referente a vacinação, que a Serra tem a 5ª menor proporção da população vacinada com segunda dose, entre as 21 regiões covid-19. Isso significa que a Serra ocupa a 17ª posição, com 13,5% de vacinados com 2ª dose da vacina contra coronavírus entre essas as 21 regiões covid-19 — explica.
Ela aponta que é necessário avaliar o atraso do lançamento das informações no sistema. Tanto que a própria Amesne e, os municípios integrantes, se comprometeram em lançar as informações em, no máximo, 48 horas após a aplicação da dose:
— É essencial que os municípios lancem os dados com a maior brevidade possível no sistema estadual quando as vacinas são aplicadas, para que os índices se mantenham fiéis, atualizados e mostrem os esforços dos municípios na realização das etapas de imunização — defende Marijane.
Feltrin defende mais agilidade nno registro dos vacinados
O presidente da Amesne e prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin, ressalta que a maioria dos municípios aplica as doses e depois cadastra os dados no sistema.
— Esse processo pode e deve melhorar. Esses índices também impactam na negociação para flexibilizar ou ser mais rigoroso nas medidas de enfrentamento ao vírus — destaca.
Feltrin cita como exemplo o município onde é gestor, porque, conforme revela, os dados de vacinação são atualizados em tempo real.
— Temos que melhorar a performance das cidades da região. A equipe da saúde tem estrutura de computadores no local de vacinação, que permite o lançamento dos dados em tempo real, no sistema estadual e, assim, não há um controle paralelo. Estamos online, aplicamos as doses e ao mesmo tempo lançamos os dados. Gravei um vídeo para que a cidade sirva de exemplo e possamos avançar na imunização em todo o Estado — destaca Feltrin.
Serra é a última colocada na aplicação da 1ª dose
Se forem levados em conta os dados da última terça-feira (29), a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde — da qual fazem parte 49 municípios da Serra, incluindo Caxias — está na última colocação entre as 18 CRSs na aplicação da 1ª dose. Esse levantamento avalia as doses recebidas, as aplicadas e o registro do número de vacinados.
— Pelos percentuais entre as 18 coordenadorias, a região da Serra está em último lugar na vacinação com 34% da população vacinada com a 1ª dose — afirma a titular da 5ª CRS, Cláudia Daniel.
Ela avalia ainda, que há várias cidades com índices muitos bons na região, acima de 100%. Referentes aos dados do dia 29 de junho, Caxias do Sul ocupava a 30ª colocação dentre os 49 municípios da região.
— Pelo porte populacional, Caxias está muito bem colocada. Nós temos cidades que se destacam e que vem fazendo um belíssimo trabalho na questão do registro. O que vale para essa premiação lançada pelo estado é o quantitativo de doses recebidas e efetivamente aplicadas e registradas. Não basta só receber e aplicar, tem que registrar no Sistema Nacional de Vacinação e é isso que gera o dado para RS — pondera Cláudia.
Premiação para estimular a imunização
Questionada sobre a crítica dos prefeitos quanto a premiação, lançada pelo governo do Estado, cujos gestores entendem que o avanço da vacinação depende da remessa de doses destinadas a cada município, ela justifica que o prêmio reforça e reconhece o trabalho das equipes de Saúde.
— Equipes que não mediram esforços trabalharam sábados, domingos, feriados e terceiros turnos para fazer a vacina chegar ao braço das pessoas e efetivamente concluir os esquemas vacinais. Temos as estratégias de busca ativa dos faltosos que remetemos todas as semanas para que os municípios busquem essas pessoas para saber porque não fizeram a segunda dose. É uma homenagem aos profissionais de saúde, e nada melhor do que destinar recursos financeiros que vão ser aplicados na saúde, e revertidos à comunidade — frisa.
A coordenadora ressalta ainda que a questão da chegada de doses não depende apenas do governo do Estado, já que é uma estratégia do governo federal:
— Tínhamos que achar uma ferramenta que balizasse esse índice, então o que foi usado foi as doses recebidas X as doses aplicadas e registradas.
Percentuais mudam diariamente
Cláudia Daniel afirma ainda que sobre o número de pessoas que ainda não concluiu o esquema vacinal com a aplicação das duas doses, os percentuais mudam diariamente.
— Temos cidades que conseguiram zerar o número de pessoas que não tinham sido imunizados e outros que ainda estão em andamento para concluir. Nós identificamos vários motivos: dificuldade de locomoção, depender de um familiar, agravo de saúde, óbitos. Temos também pessoas que se mudaram e concluíram o esquema vacinal em outros municípios, e alguns apresentaram reações que já estavam previstas, mas ficaram receosos e não foram fazer a segunda aplicação.
Outro fator, diz Cláudia, é que a Serra é a região que mais recebeu doses da vacina AstraZeneca. Isso significa que, quem recebe a primeira dose hoje, só pode receber a segunda em doze semanas, o que pode dar a impressão de atraso na imunização.
— A vacina da Pfizer também precisa de doze semanas para a aplicação da segunda dose. Em outras regiões, as remessas foram da vacina CoronaVac e aí avançaram mais rapidamente. Vamos fechar o esquema de segunda dose neste mês. Temos que deixar claro que são vários fatores que tem que ser avaliados em relação a isso.
O intervalo de tempo entre a primeira e a segunda dose das vacinas CoranaVac e Oxford/Astrazeneca é diferente. No caso da CoronaVac, a recomendação da Secretaria Estadual da Saúde é de que o intervalo entre a primeira e a segunda dose seja de 28 dias. No caso da Oxford, o prazo indicado é de 12 semanas.
Caxias do Sul já vacinou até a tarde de quarta-feira (30 de junho), 184.393 pessoas com a primeira dose. Destes 64.067 completaram o esquema vacinal.
Serra registra queda de 22% na ocupação de leitos UTI
Ainda durante a reunião da Amesne, Marijane Paese disse que a Serra está com 67% dos leitos de UTI ocupados com pacientes infectados. Isso faz com que a região ocupe o primeiro lugar em número de internações em unidades de terapia intensiva entre as sete macroregiãos de Saúde do Estado.
— Apesar desse índice, a Serra registra queda de 22% na ocupação dos leitos de UTI covid-19 nos últimos 14 dias, e consequentemente, há aumento de leitos livres de UTI. A região também registra queda de 5% na ocupação de leitos clínicos de covid-19 e, redução nas novas entradas em UTI covid-19, a partir de meados de junho, e redução do número de infectados nos últimos sete dias. Além disso, dos 12 hospitais com UTI, apenas dois operam acima de 100%, o Tacchini em Bento Gonçalves e o Pompéia em Caxias — afirma Marijane.
Sobre a alta incidência de casos pela qual a Serra é apontada pelo Estado, ela justifica que esse índice é resultado de uma campanha mais abrangente de testagens.
— Esse índice de casos somente pode ser visto de forma negativa se tiver reflexo simultaneamente no aumento das hospitalizações, que não é o nosso caso — esclarece.