Assim como o certificado de vacina contra a febre amarela, um documento semelhante de imunização contra o coronavírus ganha corpo para que se possa ingressar em determinados países. A partir de quinta-feira (1º), a União Europeia (UE) deixará de restringir a circulação de residentes imunizados contra a covid-19 - desde que apresentem esse "passaporte". A medida é um passo para que o bloco reabra suas portas para turistas de outras nações.
O texto que regulamenta o Certificado Digital Covid (CDC), nome oficial do "passaporte da vacina" na UE, prevê que os Estados-membros possam aceitar turistas que tenham sido imunizados com produtos autorizados pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ou pela Organização Mundial da Saúde. (OMS).
A CoronaVac, largamente administrada no Brasil, não recebeu até o momento aval da EMA, mas faz parte do portfólio da OMS.
Isso significa que brasileiros que receberam esse produto ficam na dependência de os governos europeus decidirem, por conta própria, se os aceitam ou não esse imunizante. Entretanto, é importante lembrar que os brasileiros não são barrados apenas pelo tipo de vacina, mas porque o país mantém altas taxas de infecção, ou seja, índices não aceitos pela maioria dos governos dos países desenvolvidos.
Veja a seguir vacinas aceitas e não aceitas em países que já decidiram suas listas.
União Europeia
Aprovou livre-circulação de residentes do bloco vacinados. São aceitas apenas as vacinas aprovadas pela EMA: AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Moderna e Janssen. Não é só a vacina que é levado em conta: a UE só permitirá a entrada de visitantes provenientes de países com a pandemia controlada (até 75 novos casos diários por 100 mil habitantes, na média móvel dos últimos 14 dias). O bloco permite, entretanto, que cada país tenha sua própria política de acesso - por isso, algumas nações podem aceitar vacinas que foram aprovadas pela OMS, mas não pela EMA, como a CoronaVac.
Portugal
Um dos principais destinos de brasileiros, o país decidiu não emitir certificado para quem tenha se vacinado com imunizantes não aprovados pela EMA. Ou seja, só serão aceitos turistas que tomarem Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca.
França
Reconhece todas as vacinas aprovadas pela EMA e considera viajantes totalmente vacinados duas semanas após a segunda dose de imunizantes Pfizer/BioNTech, Moderna ou AstraZeneca, e quatro semanas após a dose única da Janssen. CoronaVac, por enquanto, não é aceita. Brasileiros, no entanto, são barrados não pela vacina, mas pela alta taxa de contágio.
Espanha
Aceita todos os produtos aprovados pela EMA e pela OMS, o que inclui a CoronaVac. Brasileiros, no entanto, seguem impedidos de entrar devido à alta incidência de variantes consideradas preocupantes.
Itália
O país, por enquanto, aceita apenas as vacinas já aprovadas pela EMA. Na sexta-feira (25), o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, afirmou que a CoronaVac "não é adequada" para combater a pandemia.
- Discutimos sobre os vários tipos de vacinas, e a constatação foi que a vacina russa Sputnik ainda não conseguiu e talvez jamais conseguirá a aprovação da EMA, e a vacina chinesa, que nunca fez pedido e que, em todo o caso a EMA nunca aprovou, mostra que não é adequada, vendo a experiência no Chile para enfrentar a epidemia _ disse Draghi.
O premier, embora, não tenha citado explicitamente a CoronaVac, referia-se a ela, uma vez que é a mais usada no Chile, que, apesar de ser um dos recordistas mundiais em imunização, enfrenta surtos. O Instituto Butantan reagiu à fala do premier italiano, dizendo que a CoronaVac é "segura e eficaz, indicada para indivíduos acima de 18 anos com o objetivo de prevenir o agravamento de infecções pelo novo coronavírus".
Grécia
Foi o primeiro país europeu a aceitar oficialmente viajantes vacinados com produtos ainda não aprovados pela EMA, como a CoronaVac. O país também irá aceitar visitantes que apresentem testes de PCR negativos - a vacina, portanto, não é obrigatória.
Reino Unido
O país, que não integra a UE, baseia sua permissão de entrada na taxa de contágio do país de origem, e não na vacinação. O Brasil está na lista vermelha - o que significa que, sem passaporte britânico ou residência no Reino Unido, brasileiros não podem ingressar no país, vacinados ou não.
Suíça
Outro país europeu de fora da UE, a Suíça aceita as vacinas aprovadas pela OMS - o que inclui todas já aceitas pelo bloco econômico e também a CoronaVac.
Estados Unidos
Vacinação ainda não é critério de entrada. Só são permitidos brasileiros que, antes de chegar ao país, tenham passado 14 dias em uma terceira nação. É necessário apresentar teste de PCR negativo feito até 72 horas antes do embarque. O Comitê Consultivo de Vacinas e Produtos Biológicos Relacionados da FDA (a Anvisa americana) ainda não incluiu a análise da CoronaVac na pauta de seus encontros. A vacina, portanto, não tem autorização nem recusa do comitê.
Canadá
A partir de 5 de julho, o país irá aceitar viajantes elegíveis (estudantes do Exterior matriculados, por exemplo) vacinados com as duas doses de Moderna, Pfizer e AstraZeneca ou com a dose única da Janssen, sem necessidade quarentena. Os turistas ainda não podem entrar no país, mesmo vacinados.
Cone Sul
Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai permanecem com as fronteiras fechadas e ainda não anunciaram plano de receber turistas vacinados. A CoronaVac é usada em todos esses países, com exceção de Argentina.
México
O México permite a entrada de brasileiros, demandando apenas o preenchimento de um questionário de saúde. O passageiro poderá ser obrigado a passar por exames no desembarque e, se apresentar sintomas, a cumprir quarentena.