A terça-feira (23) é de lojas abertas, mas de preocupação com a clientela em Caxias do Sul. A movimentação de pedestres nas ruas parecia normal para uma manhã de tempo instável, mas o relato de comerciantes é de que poucos entravam nos estabelecimentos. Mesmo com a permissão de abertura do comércio não essencial em bandeira preta, os gerentes e funcionários sequer precisaram organizar o público a cada seis metros quadrados, item obrigatório conforme as regras mais recentes para o comércio.
— Deu uma diminuída. Sábado até estava bom, até confirmar a bandeira (a pré-classificação aconteceu na sexta-feira). Na segunda-feira deu uma caída porque o pessoal se assustou. Acredito que nessa semana, com a cogestão, o fluxo poderá a ser levemente normal — disse Daiane Ferreira, 36 anos, que atua como gerente de uma loja de calçados localizada na Rua Sinimbu.
Comerciante há mais de 30 anos, Amilton Enedir da Silva, 61, percebe queda de público na sua loja de bijouterias, localizada na Avenida Júlio de Castilhos desde o anúncio da sexta-feira.
— Tenho feito a minha parte. Desde o começo não deveria ter trancado o comércio, não vai resolver. As pessoas saem à noite, aglomeram e levam a doença para casa. É aí onde mora o problema. Em 30 anos eu nunca vi uma situação como em março do ano passado. Fechei e abri quase um mês depois. Eu puxei as portas, olhei e chorei. Isso não existe — lembra Silva.
Gerente de uma loja de roupas, Denise Cândido de Almeida, 36, diz que baixou em cerca de 10% o número de clientes que entrava na loja em relação a segunda-feira (22).
— Diminuiu, o pessoal está tentando manter o afastamento. Esta semana deverá ser de baixa no movimento — diz
Caminhando pelas ruas centrais por volta das 10h desta terça-feira estava a aposentada Maria Leonir Hochnadel, 57. Depois de fazer um exame, ela resolveu dar uma olhada das lojas.
— Até achei que as lojas estariam fechadas, mas para minha surpresa estão abertas. Sendo bem franca, não sou a favor de bandeira preta, as pessoas é que tem que se cuidar, é desnecessário — opina.
O comércio poderá atuar entre 5h e 20h, conforme o decreto estadual. Na segunda-feira, a presidente do Sindilojas Caxias, Idalice Manchini, afirmou que, ao manter a classificação da região na bandeira preta e permitir a cogestão, o Estado demonstrou bom senso, "minimizando a situação atual que envolveu perdas no ano de 2020".
Ônibus com menos passageiros
A primeira manhã após o decreto confirmando classificação em bandeira preta foi de menor movimentação também no transporte coletivo. Nas paradas de ônibus da Rua Pinheiro Machado o cenário era de tranquilidade. Pela nova regra, os veículos devem operar com até 50% da capacidade. Desde sábado, a movimentação tem reduzido segundo o passageiro Tiago Florêncio Netto, 29. O vendedor, que trabalha em um shopping, utiliza três ônibus por dia para chegar ao trabalho. Netto começa o dia dentro da linha Campos da Serra, entra no ônibus de integração e, na Estação Principal de Integração (EPI) Floresta, pega a linha Verona.
— Notei diferença já no fim de semana. Vejo mais o pessoal que está indo trabalhar. Antes tinha gente mais à vontade, passeando. Nesse horário (por volta das 9h), se fosse semana passada, teria 40% a mais de passageiros — acredita.
Próximo a Netto, um vendedor de pasteis afirmou que esta terça-feira foi um dia de menor comercialização, com cerca de 10% a menos do que na última semana. O homem, que não quis se identificar, explicou que não viu mais pessoas que costumavam sair para fazer compras.
Nesta terça-feira, o prefeito Adiló Didomenico afirmou que a fiscalização no transporte coletivo seguirá e que a prefeitura manterá a lotação máxima de 50%.