Os três clubes gaúchos da Série A do Brasileirão vão pedir à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a suspensão de seus jogos do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil pelo prazo de até 20 dias. A iniciativa partiu de Juventude, Grêmio e Inter e será encaminhado pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) à CBF.
Segundo o presidente do Juventude, Fábio Pizzamiglio, Grêmio e Inter não tem condições de deslocamento por via terrestre e nem pelo Aeroporto Salgado Filho, que ficará fechado até o fim do mês.
— Muito provavelmente a gente vai ter um adiamento dos próximos jogos. A gente está conversando com a CBF, com a Federação. Em conjunto, vamos solicitar o adiamento das próximas rodadas — afirmou o presidente, que completou o tempo de adiamento dos jogos dos times gaúchos:
— Estamos solicitando um período de 15 a 20 dias. Não sabemos o que vamos receber, mas é principalmente ali pela área de Porto Alegre, que nós também acabamos utilizando sempre o aeroporto de lá. A logística do Brasileirão passa 90% por lá, e até o próprio Alfredo Jaconi não tem como ser utilizado. Então, essa vai ser a nossa solicitação. Vamos ver como é que vai ser acolhida.
JOGOS FORA DO RS
Jogar fora do Estado está fora de cogitação até pelo problema logístico e inversão de mando a gente acabou não conversando.
O presidente do Juventude praticamente descartou jogar fora do Rio Grande do Sul. Pizzamiglio citou os problemas logísticos de deslocamento das delegações e voltou a citar o fato de o aeroporto de Porto Alegre estar impossibilitado de receber voos até o final de maio. Sobre a possibilidade de inversão de mando, ele explica que seria possível fazer em apenas uma partida, o duelo atrasado com o Atlético-GO.
— Jogar fora do Estado está fora de cogitação até pelo problema logístico, e inversão de mando a gente acabou não conversando. Seria um caso só para o Juventude e a gente trabalha junto, os três clubes, para poder ter mais força dentro da CBF. Então, seria um jogo que a gente conseguiria fazer inversão de mando, contra o Atlético Goianiense. Mas acho que é o jogo menos preocupante dentro de todos que a gente tem pela frente — disse o dirigente.
Questionado se a CBF determinasse que os jogos sejam realizados fora do Estado, o presidente disse que não saberia como a logística seria feita com os bloqueios das estradas e os problemas com aeroportos.
— Dependemos agora só do aeroporto de Caxias, que é o único que está funcionando. Se o tempo não ficar o melhor possível, não temos como fazer a logística. Por isso, não acho que vai ser isso que vai ser determinado — ponderou Pizzamiglio.
SEM CLIMA PARA JOGO
O estado passa por um momento de devastação. São 385 municípios afetados, mais de 47 mil pessoas em abrigos, 339 feridos e mais de 130 desaparecidos. Conforme o balanço divulgado no fim da tarde desta segunda-feira (6), 85 pessoas morreram em razão das enchentes. Diante do cenário de 153 mil desalojados, com bloqueios nas estradas, aeroporto da capital fechado e com diversos resgates sendo realizados, o presidente do Juventude não vê condições para a realização de jogos no Rio Grande do Sul.
– Olha, de minha parte não há clima nenhum. Temos que ter empatia também. Não é porque o Juventude consegue treinar que os outros podem. A gente não pode fechar os olhos para o que está acontecendo aqui. Temos que focar em todos. Não é o momento de a gente forçar um retorno do futebol, sendo que temos que realmente ajudar os nossos irmãos aqui de todo o Estado. Acho que não há clima nenhum mesmo. Talvez não seja necessário o prazo que a gente está solicitando para a CBF, talvez seja necessário um pouco menos, mas eu sei que nessa semana e na próxima é muito difícil de que aconteça alguma coisa – finalizou o presidente.