Na quarta rodada da Divisão de Acesso, o Glória teve de fazer uma troca no comando técnico. Na época, a goleada por 5 a 1 para o Brasil de Farroupilha, no Estádio das Castanheiras, foi um sinal de alerta para o clube. Fabiano Borba foi demitido e para o seu lugar a direção fez uma aposta, que deu resultado imediato.
O jovem Gabriel Dutra foi o escolhido para ser o técnico da equipe na sequência da competição. Com apenas 27 anos, ele ocupava o cargo de auxiliar técnico. Na beira do campo, o profissional está fazendo sua estreia como treinador. Porém, o futebol já está na vida do jovem há muitos anos. Ele foi repórter esportivo da então Rádio Fátima. Depois, deixou o jornalismo para fazer educação física na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, em 2015. No ano seguinte, Dutra assumiu como estagiário na análise de desempenho do Avaí, que tinha um só analista.
Quem abriu as portas para o jovem ser auxiliar foi o técnico Fabiano Daitx, onde trabalhou no Novo Hamburgo, Azuriz-PR e, por último, no São Luiz. O profissional conta se ser treinador tão cedo estava nos seus planos:
— Ainda não. Antes de receber o convite de ser auxiliar do Glória, tinha uma viagem programada na terça-feira e na segunda recebi o convite. Tivemos a derrota feia para o Brasil-Far de goleada. O Saraiva e o Décio, que tocam o futebol, foram atrás de outros treinadores, receberam a negativa e sobrou para mim a situação de comandar contra o Gaúcho, ganhamos, o elenco deu respaldo e estamos aí encarando um dia de cada vez — declarou Dutra em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
Sob seu comando, o Glória já tem três vitórias, um empate e apenas uma derrota. Ele conseguiu embalar dois resultados positivos após assumir, com vitórias diante de Gaúcho e Veranópolis. Depois, empatou com Tupi fora e derrotou a equipe de Crissiumal em Vacaria. O primeiro revés veio na última rodada da Série A2, ao perder para o Veranópolis, fora de casa, por 3 a 2. O time é sexto colocado com 11 pontos na Série A2. A distância para o G-4 é de apenas um ponto. Sobre as diferenças de ser auxiliar e treinador, ele respondeu:
— Como auxiliar eu fazia muito o papel de intermediar as relações, sentir o que estava acontecendo no vestiário, também analisar muito o adversário e passar tudo mastigado para o treinador. Agora, como treinador, tenho pessoas que fazem isso para mim. Tenho mais responsabilidade de gerenciar o clube como um todo, como contratados, meio-campo com diretoria. Algo que não fazia antes. Tenho 27 anos e quero aprender ainda mais.
Temos uma relação de respeito. Prevalece a verdade e o melhor para o clube.
GABRIEL DUTRAL
Técnico do Glória
Na Divisão de Acesso é comum ver os times com treinadores mais experientes, muito pelo estilo da competição. Contudo, a idade não é um problema para Gabriel gerir um elenco de quase 30 atletas, das mais diversas idades e personalidades. Para o treinador, o respeito é o segredo.
— Desde 2016 estou dentro do vestiário profissional e antes com a experiência na comunicação tinha muitas coisas nos bastidores. A gente vai pegando essa malandragem. No Avaí tive experiência com elencos muitos experientes, com rodagem em dupla Gre-Nal, Corinthians, São Paulo. Então fui pegando aos poucos e também com o Daitx com experiência em Copa do Brasil e Série D. O nosso grupo tem uma média de idade baixa, mas tem o Alexandre, rodado pelo Avenida, e Jefferson que passou pelo Coritiba. Temos uma relação de respeito. Prevalece a verdade e o melhor para o clube. Tratando todos da mesma maneira, eles entendem — revelou.
FALA, PROFESSOR
:: VISÃO DO RÁDIO E DO CAMPO
— Para mim fica mais cômodo entender alguns questionamentos da imprensa. Sei como é estar do outro lado e fazer essa intermediação do jogo para a torcida, que não é uma missão tão fácil. Vejo o lado nosso, que tem muitas decisões que não podemos externar. Outra questão que sempre comento é aquele velho debate do futebol, o bonito ou de resultado. Eu gosto da linha do futebol mais conservador, mas que dá resultado. Com mais cuidados defensivos a chance de ganhar é melhor. Antes, na imprensa eu cobrava por um futebol mais ofensivo, para frente, mas sei que na hora do vamos ver é difícil fazer um futebol para frente, sem tempo de trabalho, sem continuidade, com calendário curto.
:: OFENSIVO OU REATIVO?
— Jogo com dois volantes, o Fabiano fala muito também, a gente sempre utilizava quatro atacantes, mas que marcavam. Uso dois volantes, um meia clássico o Alexandre e dois atacantes, mas todos têm a missão de defender primeiro. No basquete e handebol, todo mundo tem a missão de defender sem a bola. Não é o futebol que vai ser diferente.
:: CAMPANHA PELO ACESSO
— A divisão de acesso é muito equilibrada. O patamar de investimento é muito parecido. São elencos parecidos e formas de jogar bem próximas. Cada jogo é uma batalha decidida no detalhe. Não descarto ninguém. Temos que encarar com muita seriedade cada jogo, cada rodada é uma decisão. Uma derrota nos coloca próximo do rebaixamento e uma vitória no G4.
:: VAI SEGUIR COMO TÉCNICO?
— Como eu falo para os atletas que cada jogo é uma decisão, eu até estava em conversa com a direção e me fizeram este questionamento. Disse que o primeiro é pensar no adversário, no Glória e depois quando acabar a divisão de acesso pensar tranquilamente com a razão e não com coração. Não descarto nada e também sei que meu trabalho com Daitx não terminou, temos muitas coisas a conquistar no cenário nacional e estadual, mas tudo será pensado com calma quando terminar o trabalho no Glória.