A dupla Fernando e Dirceu se consolidou na zaga do Caxias. Fernando é mais jovem que seu companheiro, tem 29 anos. Dirceu, com 35 anos, é mais experiente. A dupla se completa em campo nesta Série D do Brasileirão. Natural de Colorado-PR, Fernando começou no futebol aos sete anos. Quando criança, pedia para o seu irmão, também jogador, o levar aos treinos. Contudo, o irmão não gostava muito da ideia. Certo dia, sua mãe insistiu para o irmão levar Fernando. Desde então, ele não deixou mais de jogar futebol.
— Eu lembro que eu chorava quando ele ia treinar e eu pedia para me levar e nunca queria. Até o dia que a mãe insistiu e ele me levou aos sete anos e me apaixonei, nunca mais parei. Ele era zagueiro também, mais viril e eu tecnicamente levo a vantagem. Hoje, se zagueiro não souber jogar, assim como goleiro, fica para trás — declarou o zagueiro ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
Com o Caxias, Fernando mira a liderança do Grupo A8 da Série D. Dois pontos separam o grená do líder Camboriú. Contudo, dentro de campo, o time atravessa um momento de ajustes. Com as saídas e chegadas após o vice-campeonato gaúcho, o zagueiro observa que o time passa por um momento de transição.
— Acho que é um período de transição, são características um pouco diferentes do Thiago e do Tcheco. Jogo após jogo ele tenta implantar aquilo de melhor, estamos em um período de transição. A competição é acirrada e a gente carregar uma responsabilidade grande de um acesso que muitos anos não se consegue. É um campeonato que não dá muita margem. É entrosar o time da maneira que o Tcheco quer para fazer jogos mais consistentes — destacou Fernando, que elenca as diferenças entre Thiago Carvalho e o atual treinador:
— Mudou mais sem a bola. Com a bola, os dois pensam basicamente a mesma coisa. Acredito que o Thiago arrisque um pouco mais. O Tcheco tem um perfil mais conservador. Em um campeonato tão difícil como a Série D que não te proporciona errar isso é algo bom.
OSCILAÇÃO E LINHA DE TRÊS
Nos jogos contra Aimoré e Brasil de Pelotas, o Caxias mostrou uma oscilação perigosa de um tempo para o outro. Contra o Índio Capilé, o goleiro Pedro Paulo salvou. Diante do Xavante, a trave estava do lado grená na etapa final. Fernando admite a busca por uma constância maior nos 90 minutos.
— Pensando lá na frente, se fosse um jogo de mata-mata ou acesso, a gente não pode oscilar como oscilou. Foi importante ter vencido o Brasil, mas a vitória esconde algumas coisas que, às vezes, o torcedor acha que a gente não vê. Temos batido na tecla para que seja melhor, que o nosso nível de constância do primeiro tempo se mantido.
Toda a semana, o técnico Tcheco treina alternativas ao sistema de jogo grená, como a utilização de três zagueiros. Ele ainda não começou um jogo com o trio defensivo. Fernando trabalhou com Tcheco no Cascavel. Sobre esta possibilidade, o zagueiro destacou:
— Os três zagueiros lá no Cascavel eram bem eficientes, mas ele teve tempo lá para trabalhar. Aqui ele pegou um trabalho em andamento, uma linha de quatro. O Tcheco mantém isso e independe de três ou dois, a gente sempre espera fazer bons jogos.
MAIS PONTOS DA ENTREVISTA
COBRANÇA PÓS-GAUCHÃO
— A gente esperava, o grupo todo. Sabíamos, pois muito se fala que tem que subir, mas a gente carrega uma responsabilidade, mas não peso. Não estávamos nos outros anos que o clube não conseguiu o acessos, mas temos responsabilidade que o clube precisa estar em um cenário maior. A gente percebe que a torcida está um pouco ferida, chateada com esses anos, mas isso não entra em campo. Outras equipes também brigam pelo acesso, é se blindar para manter a consistência do campeonato gaúcho e esse período de transição.
EVOLUÇÃO
— A evolução é constante. A gente nunca chega em um período que não precisa mais evoluir, ainda mais no Caxias. O torcedor exige isso. Precisamos evoluir, os jogos de início da Série D tem mostrado isso. No Gauchão até a quarta rodada tivemos dificuldade para as coisas acontecerem. Para o acesso falta muita coisa e esperamos conseguir isso o mais rápido possível.
DUPLA COM DIRCEU
— Dirceu é um cara sensacional. É um cara que não está no futebol à toa. Teve em grandes clubes, um cara que ensina o grupo todo. Ser o capitão da nossa equipe e acredito que a nossa humildade, a gente se cobra muito para não tomar gol, se manter sólido para o pessoal da frente fazer. Ele é muito humilde. Ele me cobra eu o cobro. O Dirceu entende numa boa, acho que por isso casou bem.
GOLEIRO
— O André está seis anos no clube e fez por onde estar aqui. E o Pedro Paulo tem uma bagagem grande, apesar da idade. Nós como defensores ficamos felizes de estar bem servido. Acredito que será uma responsabilidade do Tcheco por optar por quem irá jogar. Mas os dois tem passado a tranquilidade necessária para se manter sólido ali atrás.
PRESSÃO DO ACESSO
— Não trazer essa cobrança de forma desnecessária. Acredito que a gente tem que saber a camisa que vestimos, a responsabilidade e o que é necessário para conseguir. Ainda falta muito campeonato. O nosso pensamento tem que ser primeiro no Novo Hamburgo, depois Hercílio. Não posso entrar no campeonato pensando e dizer "vou subir", pois tem uma escada, é um degrau por degrau. Tem 64 brigando contra a gente. É necessário fazer muito mais que o Gaúcho. É uma competição totalmente distinto. O jogo contra o Brasil demonstrou isso.
TCHECO
— Trabalhei com o Tcheco no Cascavel, conheço a mais tempo. Ele é fora do comum como pessoa e como treinador tem buscado seu espaço. No dia a dia é super tranquilo, cara da resenha, gosta de brincar e tirar onda. O Thiago era assim. A gente prezava muito esse ambiente. O ambiente é tudo. Viver em um lugar onde se sente bem, as coisas acontecem ao natural.