Xerife da zaga do Caxias no Campeonato Gaúcho, Dirceu tem 11 jogos como titular no time do técnico Thiago Carvalho. Aos 35 anos, seus números impressionam. Em apenas uma partida ele foi substituído para evitar uma possível lesão. Foi na sexta rodada, contra o Inter, no empate em 2 a 2, no Beira-Rio. Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o zagueiro comemorou o momento com a camisa grená.
— Fizemos uma primeira fase muito boa, deixamos escapar alguns jogos, mas faz parte do amadurecimento. Individualmente, muito contente com os resultados entregues. O primeiro jogo contra o Inter, no Beira-Rio, na sexta rodada, cheguei um pouco cansado. Tanto é que tive que ser substituído. Contra o São Luiz, depois, fui poupado devido à sequência para evitar lesões — declarou Dirceu, que não observa a idade como um problema:
— Com 35 anos, hoje é tachado como velho. Contrariar com números é de grande valia. Espero poder ter mais dois jogos no Gauchão e seguir na temporada. Passou dos 30 já não te olham com os mesmos olhos. Mas tudo é questão de momento. Vivo em um clube que me dá total suporte, tudo que um atleta precisa.
Dirceu tem dois gols no Gauchão, uma assistência e levou apenas um cartão amarelo. Ele não é um zagueiro de dar a tradicional "botinada" para se livrar da bola. Com o técnico Thiago Carvalho, a construção das jogadas começa desde o goleiro. Para manter a sequência como titular é preciso também de cuidados extras.
— Sou um cara que transpiro muito. Neste último jogo, perdi quase cinco quilos. Então, é uma coisa surreal. Demanda uma atenção muito grande. Caso contrário não consegue uma sequência de jogos, não consegue se apresentar em alto nível. Tenho que ter essa atenção ou não consigo acompanhar esta garotada — revelou o zagueiro grená.
PRESSÃO NO BEIRA-RIO
O Caxias entra em campo no próximo domingo (26), às 18h, com reais possibilidades de chegar à final do Gauchão. Após empatar em 1 a 1 com o Inter, na partida de ida da semifinal, o grená quer se aproveitar da instabilidade colorada para surpreender no Beira-Rio. Para Dirceu, o time grená precisa manter o que vem fazendo no Estadual: ficar com a bola e esperar o momento certo para atacar.
— Projeto um grande jogo, independente do resultado. Quem assistir verá um grande jogo. Por característica nossa, do Thiago, é de ficar com a bola. Nos é proposto este trabalho desde a nossa chegada para chegar afinados, como estamos. Temos isso de ficar com a bola, buscar com calma o melhor espaço e momento para atacar os espaços da equipe adversária. Eles também esperam o nosso erro para aproveitar. Agora cabe a nós fazer o melhor — disse o zagueiro.
COMEÇO COMO VOLANTE E MEIA
A boa saída de bola Dirceu aprendeu quando ainda fazia outra função em campo. Dirceu já foi volante, chegou a usar a camisa 10 e se aventurou como centroavante em uma Copa do São Paulo no início da carreira. Ele virou zagueiro de uma forma inesperada, mas depois não pensou em sair do sistema defensivo.
Passou dos 30 já não te olham com os mesmos olhos.
DIRCEU
Zagueiro do Caxias
— Terminei uma Copa São Paulo como centroavante. Com 20 anos era volante e corria mais que a bola. Joguei de 10 no Coritiba. Por falta de zagueiro virei defensor. Em um Atletiba, fora de casa, era banco como volante e não tinha zagueiro. Estourou o apêndice do Felipe e não tinha outro. O Renê Simões perguntou se eu ia e disse que estava pronto. Virei zagueiro e nunca mais voltei. Foi lá por 2009 isso — revelou Dirceu, que trabalhou com técnico Fernando Diniz e era proibido de dar chutão nos treinos:
— Trabalhei com Fernando Diniz em outro momento da carreira no Botafogo-SP, em 2011, tinha acabado de sair do Coritiba. Aprendi bastante, ele dispensa comentários. Zagueiro que dava chutão ele parava o treino. Mas não são todos os treinadores que cobram isso. Isso deixa o jogo um pouco menos atrativo.
SUÁREZ, RONALDINHO E ADRIANO IMPERADOR
Neste Campeonato Gaúcho, Dirceu teve que marcar Luís Suárez na estreia do Estadual. A partida contra o Grêmio terminou com vitória do Tricolor por 2 a 1. Foi a única derrota do Caxias no Gauchão. O gol decisivo saiu justamente dos pés do uruguaio. Para o zagueiro, este foi um momento à parte.
_ O mundo estava com os olhos no Suárez, foi um momento à parte aquele capítulo. Eu disse que tinha que dar a mesma atenção a todos. Se não tivesse dado atenção ao Carlos Henrique, no Avenida, e o Luiz Adriano, eles tinham aproveitado os espaços. É um nível muito alto do Gauchão. Como é bom atuar contra grandes jogadores, que outros estaduais não proporcionam. Então foi de grande valia essa primeira fase do Gauchão — afirmou Dirceu, que quando defendeu as camisas de Avaí e Coritiba teve embates com outros gigantes, como Ronaldinho Gaúcho e Adriano Imperador:
— O Ronaldinho eu enfrentei pelo Avaí em 2011, quando fomos enfrentar o Flamengo. Também teve o Adriano Imperador, quando estava no Coritiba. Um dos mais difíceis de marcar foi o Borges, do Santos, na questão de força, usar o corpo. O Fred, também, que foi para a Copa do Mundo 2014.