O Caxias do Sul Basquete corre contra o tempo para disputar a próxima temporada do Novo Basquete Brasil (NBB). O clube busca alternativas com o empresariado da região e do Estado para suprir a ausência importante do Pró-Esporte RS. A equipe não foi contemplada com o programa que oferece benefício fiscal para as empresas que patrocinem os projetos aprovados. Com isso, faltam cerca de R$ 960 mil para viabilizar a participação no NBB.
Nas últimas temporadas, o Caxias Basquete utilizava valores de patrocinadores e a verba oriunda do Pró-Esporte. Sem o dinheiro da Lei Estadual, o clube espera viabilizar o aporte financeiro até o dia 1º de agosto. No dia 2, a Liga irá definir os participantes do NBB. A equipe da Serra precisa encaminhar as documentações com as garantias financeiras para o órgão aprovar.
— Tivemos uma questão bem complicada. Nossos projetos, desde 2013, sempre foram baseados em 40 ou 50% com dinheiro público, através de Lei Federal ou Estadual, e o restante com verba privada. Nesse ano, colocamos o projeto pela terceira vez no Pró-Esporte no valor de R$ 960 mil — comentou Rodrigo Barbosa, técnico e um dos responsáveis pelo projeto, em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra.
O planejamento do Caxias do Sul Basquete estava encaminhado e foi realizado durante a última temporada. Se não tivesse essa recusa do Pró-Esporte, a equipe estaria com a estrutura quase definida para o início da preparação, que será em setembro, caso aconteça.
ENTREVISTA DE RODRIGO BARBOSA AO SHOW DOS ESPORTES
CRÍTICA AO CRITÉRIO
Como não faço política e faço esporte, não tenho receio nenhum de falar algumas coisas importantes. Hoje, é o Caxias do Sul Basquete. Futuramente, serão outras entidades. Precisamos de pessoas que pensem no esporte, e não na política. O que aconteceu, neste ano, no Pró-Esporte, foi pensado de uma forma diferente. Não foi pensado no esporte do Rio Grande do Sul.
Vou dar um recado importante: quem administrar o esporte do Rio Grande do Sul tem que entender que o esporte de alto rendimento, fora o futebol, quase não existe. O Governo do Esporte, se tem um programa, tem a obrigação de olhar para o esporte de alto rendimento e valorizar. Não temos mais handebol, não temos mais vôlei, o basquete é uma briga constante, o futsal só com a ACBF. Esse seguimento desenvolveu várias modalidades e levou o Rio Grande do Sul às melhores posições no esporte nacional. Para isso, precisa levar a sério a maneira como se faz.
FORMA DE AVALIAÇÃO DO PRÓ-ESPORTE
Não podemos ter um projeto de esporte que é avaliado por pessoas leigas no esporte. Essas pessoas não tem culpa. Elas são colocadas lá para avaliar e elas têm que dar uma nota. Não pode o Governo do Estado distribuir R$ 35 milhões dentro de um programa e um projeto como o Caxias do Sul Basquete ficar de fora.
Nosso trabalho não é de hoje. Levamos o Rio Grande do Sul para todo o Brasil, quando não tinha nenhuma outra modalidade ou clube fazendo isso. É uma obrigação de quem administra o esporte do Rio Grande do Sul ter esse conhecimento e buscar meios legais. Não estou falando em favorecimento, e sim reconhecimento e valorização de trabalho.
Não podemos ter um projeto de esporte que é avaliado por pessoas leigas no esporte.
DESABAFO
Desculpem o desabafo. Eu precisava me manifestar e falar isso. Me sinto responsável pelo projeto e sei o tamanho do envolvimento da comunidade e de quem trabalha por isso. O esporte do Rio Grande do Sul levou um soco na cara. O Pró-Esporte não valoriza um projeto como o nosso.
CONTESTAÇÃO
Existia um recurso após não sermos contemplados, e nós fizemos. Em 12 páginas, nós solicitamos que o avaliador que nos deu 80% das notas abaixo que os demais, que se fizesse uma nova reavaliação. Esse recurso foi indeferido, porque a Secretaria divulgou os projetos que foram contemplados. Se aceitassem o nosso recurso, eles precisariam tirar aqueles que foram divulgados. Então, foi indeferido para não ter a chance de subir a nossa nota.
VALORES INFERIORES
Foram realizadas duas janelas no ano para o Pró-Esporte. Uma em julho do ano passado. Todos os projetos aprovados receberam verba. Simplesmente, o valor de R$ 35 milhões diminuiu e ficou em R$ 9 milhões. O nosso projeto não é exclusivo do Pró-Esporte. Ele é 40%. Temos 60% de iniciativa privada. Foram 250 projetos protocolados em janeiro, só que não existia dinheiro para isso. Para contemplar todos esses projetos, o Pró-Esporte teria que ter R$ 111 milhões. Isso mostra uma falta de organização no sentido de entender o tamanho do esporte e as necessidades. Não apresentamos projeto no primeiro lote, porque estávamos executando um.
VAI PARTICIPAR DO NBB?
Hoje, se a gente precisasse dar uma posição seria não participar. O projeto vem crescendo, tivemos a mudança para o Sesi e mudou o produto basquete. Nós distribuímos, em função do ingresso solidário, 3,8 toneladas de alimentos. Nós distribuímos, por jogo, 800 ingressos para funcionários da indústria. Hoje, infelizmente, não teríamos condições de participar da temporada do NBB. A Liga exige um número mínimo para participar e exige a comprovação, ou seja, os contratos de patrocínio devem ser enviados para a Liga.
Tivemos que diminuir o projeto inicial que era de R$ 2,4 milhão e baixamos para R$ 1,8 milhão para viabilizar e participar da competição.
COMO VIABILIZAR
Temos um valor grande para buscar. Montamos um grupo de trabalho que quer, temos aumentado nossa rede de contatos. A prefeitura tem nos apoiado bastante. Criamos uma rede de contatos e fizemos um plano emergencial de buscas de patrocínios. Dividimos os valores para não ficar pesado para nenhuma empresa. Tivemos que diminuir o projeto inicial, que era de R$ 2,4 milhão, para R$ 1,8 milhão para viabilizar e participar da competição.
É muito mais importante diminuir a nossa estrutura e participar do que ficar fora mais uma temporada. Talvez, fosse a última participação do Caxias do Basquete, porque gera um desgaste muito grande e a sensação de estar pedindo. E não é isso. Em 2005 e 2006, quando começamos, e, talvez, até 2014 e 2015, nós podíamos pedir. Agora, temos um produto que tem valor. Mesmo assim, temos a sensação que estamos pedindo um olhar diferente para o que fazemos.
E SE NÃO DISPUTAR?
Como conquistamos na quadra (a vaga) e somos franqueados da Liga, poderemos ficar duas temporadas sem jogar. Depois das duas, tem que voltar ou perderia a franquia. Nosso foco é jogar. Depois, se não conseguir, vamos estudar. Tem a possibilidade de vender a franquia ou esperar, e essa é a menos provável, porque se parar os outros seguem andando. O pensamento é que vamos conseguir.