As Surdolimpíadas terminaram no último domingo (15) na Serra Gaúcha. Mais de 4 mil participantes estiveram em Caxias do Sul para a realização dos Jogos. Atletas de 77 países disputaram as medalhas de ouro, prata e bronze em 20 modalidades.
Para um evento deste tipo, que mobilizou todos os continentes, uma grande rede de fornecedores precisou ser montada e contratada. Somente para hospedar os surdoatletas, foram mais de 50 estabelecimentos contratados. Entretanto, três dias antes do fim dos Jogos, fornecedores dos mais diversos setores vieram a público reclamar da falta de pagamento. Inclusive, a semifinal do futebol masculino ficou ameaçada pela ausência de ambulância no Estádio Centenário. Após uma série de reuniões, o assunto foi resolvido e as competições encerradas normalmente.
Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o CEO da 24ª edição das Surdolimpíadas de Caxias do Sul, Richard Ewald, fez um balanço dos Jogos e esclareceu o atraso com os prestadores de serviços.
— Toda cadeira de fornecedores é fundamental em um evento desta magnitude e nós não estamos esquecendo deles, e nada disso. Temos algumas apurações de valores a concluir. O evento acabou domingo e estamos apurando valores de todos os tipos, não apenas de despesas, mas também de receitas — comentou.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O comitê organizador dos Jogos convocou uma entrevista coletiva para dar mais detalhes sobre os pagamentos. As explicações serão prestadas no dia 3 de junho, às 14h, na Sala Florense, Bloco M da UCS. Além de Richard, estará no evento o presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos, Gustavo Perazzolo. Em entrevista ao Pioneiro, o mandatário há havia se manifestado sobre o caso, justificando que seria uma questão de fluxo de caixa.
Segundo a entidade, a data mais espaçada se faz necessária para apresentação dos resultados pelo setor contábil. É preciso concluir o levantamento financeiro de toda operação do evento.
— Toda essa prestação e organização de contas finais estará sendo apresentada. Tudo está sendo apurado. É uma lista enorme de fornecedores que ainda precisam ser pagos no todo ou em parte. A grande maioria recebeu parte ou tem algo a receber. Isso é comum. Temos uma lista enorme de coisas a honrar, e será honrado. A questão é tempo de verificar todos os números, organizar de forma clara e cumprir com tudo — destacou Richard Ewald, CEO dos Jogos.
Questionado se até a coletiva os valores seriam quitados, o diretor executivo das Surdolimpíadas no país afirmou esperar ter uma solução para a grande maioria das demandas represadas.
— Não todos os casos, tem algumas coisas que são de longo prazo, com maior extensão de contrato. Mas esperamos dar solução breve a grande maioria das coisas. Acredito que, de uma forma ou de outra, trouxemos esse evento, um grande aporte de economia que acaba sendo distribuída em toda cadeia da região. Temos muito a agradecer. Não tenho relato de um serviço que foi mal executado ou motivo de críticas — avaliou o dirigente.
BUSCA POR RECURSOS
Os relatos são de atrasos nos mais diversos setores. Alguns fornecedores afirmam que receberam uma parte do valor contratado, mas outros ainda nada. Os valores variam conforme o serviço contratado. Há dívida de 15 mil, 270 mil e até mais de R$ 500 mil em alguns casos. Segundo Ewald, o Comitê trabalha para buscar aportes complementares.
— Estamos buscando alguns aportes complementares, e isso é bem comum. Quando termina uma edição desse tipo, você tem produtos, você não tem projetos, você tem um evento realizado e isso gera produto com valor agregado. Isso agora está sendo aproveitado para que a gente tenha valores complementares para ajudar nessas finalizações — afirmou.
O CEO enfatizou que o trabalho do Comitê não termina após o fim dos Jogos. Agora, há todo um trabalho de desmontagem das arenas, devolução de materiais recebidos de federações e acompanhamento dos resultados dos exames antidoping. É um trabalho que leva até três meses para ser finalizado junto a ICDS, organizadora e promotora das Surdolimpíadas.