A expectativa de conseguir repetir o feito da última Surdolimpíadas, quando conquistou o ouro e o recorde olímpico da prova, não se concretizou para Guilherme Maia na noite deste sábado (7) na Sede Guarany do Recreio da Juventude.
No centro da piscina, de onde partem os detentores dos melhores tempos das classificatórias, o paulista que treina em Caxias do Sul desde janeiro caiu na água pelo bi olímpico com a intensidade que mostrava ser ele o dono da prova.
Na primeira virada, aos 50 metros, o público que lotou o espaço reservado à torcida se animou com a pequena vantagem. Veio a segunda, aos 100 metros, e a vantagem se mantinha ao passo que crescia a empolgação dos espectadores. Na terceira, faltando apenas 50 metros para a linha de chegada, apressados podem até ter dado a prova como ganha, afinal Maia abrira quase um corpo de vantagem do japonês que nadava na raia 3. Mas nos últimos 25 metros venceu o sprint final dos nadadores japoneses. As braçadas de Maia ainda seriam ultrapassadas também por Satoi Fujihara que ficou com a prata.
Fim de prova e mais uma medalha para o currículo do atleta de 32 anos. Agora, os dois bronzes conquistados em Caxias se somarão às 5 medalhas das Surdolimpíadas anteriores. (Um ouro e um bronze na Turquia, em 2017 e uma prata e um bronze na Bulgária, em 2013)
Antes de subir ao pódio a prova precisou ser revista pela arbitragem que decidiu por manter o resultado. Na raia 2, o americano Collin Davis saltou atrasado dos demais participantes e alegou que o sinal verde para a largada não havia acendido. Após mais de 30 minutos de revisão, a prova foi validada com a medalha de ouro e prata para os japoneses e o bronze brasileiro.
Quando finalmente pôde subir ao pódio, o nadador brasileiro viu mais uma vez o carinho que a torcida caxiense tem por ele. Após percorrer toda a extensão da piscina, dar as mãos que o alcançavam e posar para incontáveis selfies, Maia disse ao Pioneiro nunca ter sentido nada parecido, dentro e fora da piscina.
— Quando comecei a prova, senti a vibração das pessoas, é a primeira vez que sinto isso. O terceiro lugar também é uma vitória. Quero agradecer ao Recreio da Juventude e ao meu técnico — declarou Maia que segue sendo o recordista da prova com tempo de 1min52seg55. Medalhista de ouro deste sábado, Ibara terminou a prova em 1min54seg88.
— Espero que quebrem meu recorde um dia, mas pode demorar um pouco mais — brincou
Na torcida pelo filho, Andrea Maia compartilhou da emoção do filho ao receber tanta vibração na arquibancada.
— Eu achei que ele ia chegar na frente, porque ele virou todas na frente, mas a vibração é incrível, é de arrepiar. Não imaginava uma recepção dessas, foi a maior recepção que ele teve na vida. Caxias vai ficar na história — afirmou.
Na segunda-feira (9), o Guilherme Maia ainda tem chance de mais medalhas. Ele disputa a prova dos 50m livre. Na última quarta-feira, Maia chegou a sua sexta medalha em Surdolimpíadas ao ficar em terceiro lugar no 100m nado livre.