Em meio aos jogos decisivos contra o Grêmio, pela semifinal do Campeonato Gaúcho, o Caxias vive um momento de turbulência. 57 dias depois de assumir o cargo de diretor de futebol, Junior Guera não continua na função. Em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, o ex-dirigente grená afirmou que faltou autonomia para exercer seu trabalho.
Um dos motivos para Junior Guera deixar o clube foi a discordância sobre a atitude do técnico Rafael Lacerda, que anunciou sua saída antes do jogo decisivo contra o Pelotas. O ex-diretor gostaria de uma troca de treinador, mas foi voto vencido dentro do departamento de futebol. Lacerda irá permanecer no cargo até o fim da participação grená no Gauchão.
Confira a entrevista
Quais os motivos da tua saída?
O motivo pelo qual eu não permaneço no Caxias é divergências de ideias e diretrizes que o futebol tem que tomar. Decisões têm que ser tomadas e eu não tive apoio naquilo que eu entendia ser o necessário.
Você ficou surpreso com o anúncio do Lacerda na véspera do jogo contra o Pelotas. Esse foi um dos motivos da tua saída?
Um deles. A continuidade. Eu fui pego de surpresa lá em Pelotas no meio da tarde com a entrevista do Lacerda. Já estávamos viajando quando fiquei sabendo. É uma situação atípica que o Caxias acabou se envolvendo. Eu não sabia dessa situação que o presidente e o Lacerda tinham combinado que após o Gauchão ele sairia. O treinador vai numa entrevista e faz uma declaração forte anunciando a sua saída, na véspera de um jogo muito importante para o Caxias. Eu entendendo isso, como um diretor, defendendo a instituição, que aquilo não poderia acontecer. Essa foi uma das divergências.
Você queria a saída do Lacerda antes do jogo contra o Pelotas?
Depois daquela declaração, depois do jogo, classificado ou não, ele deveria abrir o espaço para o próximo treinador para terminar o Gauchão de forma digna e com foco para a Série D, que seria o objetivo do ano. Fui voto vencido. Isso é assunto difícil de falar, mas eu penso em favor do Caxias.
Nós últimos jogos, as entrevistas do treinador e as suas estavam com discursos desalinhados. Você observa algo diferente no desempenho da equipe?
Captou bem essa situação. Eu fazia a análise e o que nos trouxe até aqui foi o bom começo do Gauchão. Eu observava uma situação diferente da que eu acabei vendo recentemente, por isso mudei o tom das minhas entrevistas. Fui para o clube para pensar o futebol e ver algo diferente. Mas respeito o momento do clube e o Caxias está acima de todos nós. Talvez, o momento que eu queria tomar as decisões não fosse o melhor.
Faltou apoio?
Eu sei o que acontece no dia a dia. Eu tinha que tentar prevalecer o que eu achava correto. Eu só teria que ter o apoio necessário para a decisão ser tomada. Entendo que o Caxias tem um grande plantel. Eu esperava um pouco mais em resultados em alguns jogos.
Por que o Caxias, de maneira recorrente, tem problemas internos no futebol às vésperas de jogos importantes?
Infelizmente, passo por essa situação. Não gostaria de ser um empecilho para o Caxias neste momento. O Caxias está se estruturando fora de campo com a gestão e deixar tudo em ordem. Eu acredito que o departamento de futebol precisa de pessoas que conheçam de futebol. O departamento de futebol precisa ser gerido por quem entenda de futebol. Que não seja por hierarquia abaixo de outros departamento. O futebol precisa ser autônomo e não deva satisfações para outras situações. Eu sei que as dificuldades são grandes.
Faltou autonomia para você trabalhar?
Eu entrei no Caxias e disse para todas as pessoas que não iria interferir em nada do que estava dando certo. Com o passar dos dias, tentei dar as devidas correções. Se não tem uma questão de cada um no seu setor, as coisas não acontecem.
Falta profissionalismo no futebol do Caxias?
O Ademir Bertoglio faz um bom trabalho. Eu acredito que o modelo que o Caxias tem adotado, o diretor de futebol tem que estar ligado diretamente ao presidente. Que se reporte somente ao presidente e o presidente tenha a palavra final.