Faltam apenas 42.195 metros para que o caxiense Lisandro Pavan complete o circuito das seis maiores maratonas do mundo. Trata-se de um desafio que virou obsessão para muitos corredores, profissionais ou amadores. Fechar o desafio Abbott World Marathon Majors significa conquistar um feito único para um atleta gaúcho.
– A prova na Inglaterra será neste domingo. Ninguém do Estado fez o circuito e apenas 55 brasileiros conseguiram realizar todas as provas – destaca Pavan, às vésperas da Maratona de Londres.
O circuito foi criado pela empresa norte-americana Abbott, ligada a área de saúde. Em 2014, ela fechou uma parceria com as seis maiores provas do mundo e criou um circuito. Foi definida uma premiação alta para os atletas de elite e uma medalha especial para os corredores normais. Criou-se um “boom”.
Agora, correr em Nova Iorque, Boston, Chicago (as três nos Estados Unidos), Berlim (Alemanha), Tóquio (Japão) e Londres (Inglaterra) tornou-
se uma meta de vários atletas amadores. Tanto que hoje as vagas para largar em uma dessas seis provas são restritas.
– Hoje está cada vez mais difícil fazer as provas. Como explodiu e todo mundo quer essa medalha, tem que conseguir a inscrição. Em Tóquio (ele correu lá há dois meses), eram 300 mil inscritos. Para conseguir uma vaga e entrar nessas provas é complicado – relata o caxiense.
Para correr neste domingo, na capital inglesa, Pavan teve que contar com um pouco de sorte. Afinal, são poucos os brasileiros que estarão na disputa.
– Londres se consegue por sorteio, que é quase impossível, ou por agências brasileiras de turismo, que tem 20 vagas para dois mil interessados – conta.
Ciente da importância do feito, especialmente para quem começou a correr em maratonas apenas em 2013, Pavan celebra o momento especial. Depois de passar pelos Estados Unidos, Alemanha e Japão, o desafio terminará na terra da Rainha. E será Elizabeth II quem dará a largada da prova. Uma honraria para os corredores de todo o mundo.
Médico, corredor e incentivador
Lisandro Pavan é médico ortopedista, especializado em cirurgias na coluna. A corrida entrou na sua vida ainda na infância, com as rústicas em Caxias. Os estudos o fizeram largar o esporte momentaneamente, mas as provas voltaram para a sua rotina de uma maneira peculiar.
– A minha esposa teve câncer de mama. Um ano depois que ela fez a quimioterapia, apareceu em casa dizendo que iria participar de uma prova de 10km. Eu disse: “só não chega por último na ambulância”. Ela chegou em último, mas terminou a prova. Aí, eu voltei a correr – recorda ele.
Atualmente, a corrida de rua virou seu esporte, e até sua vida. Pavan correu em Tóquio há dois meses. Estará em Londres neste domingo e, daqui a seis semanas, na África do Sul, correndo a ultramaratona Comrades.
Mais do que testar seus limites, o médico quer incentivar seus pacientes.
– A corrida é muito democrática. Não precisa muita coisa, pode fazer em qualquer lugar, qualquer hora e da maneira que tu desejas. Além disso, é o único esporte que tu podes praticar na mesma condição que a elite. Você não joga bola no Maracanã, mas em Tóquio fiquei a 30 metros do etíope (Eliud) Kipchoge, o atual campeão do circuito – relembra.