O distrito de Santa Lúcia do Piaí despediu-se, no dia 21 de janeiro, de seu Mansueto Scopel, 86 anos. Filho de Francisco Scopel e Thereza Lizot, ele era um dos moradores mais antigos e conhecidos da chamada Zona Scopel, localidade onde a família instalou-se ainda na década de 1920 (leia mais abaixo). Parte de sua trajetória foi pesquisada pelo historiador Éder Dall’Agnol dos Santos, conforme resumo a seguir.
Nascido em 18 de setembro de 1937, Mansueto casou-se, aos 24 anos, com a jovem Inês Lise. Após a união, ocorrida em 26 de maio de 1962, o casal morou durante um ano na casa paterna, adquirindo posteriormente as terras de Antonio Schanshiski (Polaco), na mesma localidade, onde havia um antigo rancho. Anos depois, Mansueto construiu sua atual residência, acrescentando várias benfeitorias.
Conforme apurado por Éder, Mansueto dedicou-se à agricultura, principalmente ao cultivo de batata, feijão, milho e parreiras. Também envolveu-se com a vida comunitária, auxiliando na construção do pavilhão de Santa Lúcia - levava água com a carreta de bois - e trabalhando como garçom nas tradicionais festas do distrito.
PRODUÇÃO DE QUEIJOS
Depois de se aposentar, Mansueto, juntamente com a esposa, passou a trabalhar na produção artesanal de queijos, além de cuidar da casa e arredores. Bastante religioso, ele é lembrado também por não faltar a nenhuma missa dominical em Santa Lúcia, como ressaltou o atual vigário, Padre Mário Scopel, na missa de corpo presente.
Além da esposa e das duas filhas, Fátima Regina e Rita Tereza, Mansueto deixou quatro netos e um bisneto.
PRIMÓRDIOS DO DISTRITO
A família Scopel está diretamente ligada aos primórdios de Santa Lúcia do Piaí. Conforme destacado pelo pesquisador Éder Dall’Agnol dos Santos, Francisco Scopel (o Queco, pai de Mansueto), era filho dos imigrantes Giacomo Scopel e Angela Rech (foto acima).
“Francisco nasceu na localidade de São Giácomo, na 9ª Légua, em 16 de março de 1894. Após o casamento religioso com Thereza Lizot, em 1916, passou a residir com o irmão Angelo Scopel em Santa Lúcia de Faria Lemos, na atual localidade conhecida como Zona Scopel. Em Santa Lúcia, Francisco dedicou-se ao cultivo da uva, possuindo vários parreirais. Atuou na escavação e fundação da torre dos sinos da Catedral de Caxias do Sul, e na construção da Igreja de Santa Lúcia, da Casa Canônica e do hospital, juntamente com seus filhos e outros moradores. Para as construções, eles buscavam areia com carretas puxadas por mulas, no rio Piaí. Em Santa Lúcia, residiram também outros irmãos de Francisco, entre eles Bernardo Scopel, Giovanni Battista (Tita), Angelo Scopel, Rafael Scopel e sua mãe Angela Rech. Francisco e Thereza tiveram os seguintes filhos: Aurélia Antônia, João Jacob, Maria, Pierina, Verônica, Atadeu, José Ernesto, Tranquilo Modesto, Mário Raphael, Realda Anna, Mansueto e Waldemar Scopel”.
Francisco Scopel faleceu em Santa Lúcia do Piaí em 10 de fevereiro de 1973. Ele tinha 78 anos.
LONGEVIDADE
A família Scopel é conhecida pela longevidade. Angela Rech Scopel, mãe de Francisco e avó de Mansueto, faleceu com 92 anos, em 1943, em Santa Lúcia do Piaí. Já na descendência de Francisco e Thereza, alguns de seus filhos ultrapassaram a barreira dos 90 anos. Aurélia, a primogênita, faleceu em 29 de outubro de 2019, com 102 anos.
João Jacob morreu aos 99, em 21 de fevereiro de 2018. Maria Antonia, aos 88, em 27 de fevereiro de 2007, e Pierina, aos 89, em 22 de março de 2011. Veronica faleceu aos 91 anos em 28 de agosto de 2018; José Ernesto, aos 92, em 7 de maio de 2022, e Tranquilo Modesto, aos 90 anos, em 30 de março de 2022.
PARCERIA
Informações e fotos desta página são uma colaboração do historiador e pesquisador Éder Dall’Agnol dos Santos.