A 48ª edição da Festa da Colônia de Otávio Rocha, no interior de Flores da Cunha, voltou neste domingo com tudo o que a pandemia “adiou” nos últimos dois anos: Largo da Matriz de São Marcos tomado de moradores e visitantes, missa com bênção da produção dos agricultores, salão paroquial lotado, menarosto assando desde as 6h, rifão, jogos coloniais e aquele clima de confraternização comunitária que só esse tipo de evento consegue proporcionar – reunindo gerações dos oito aos 80 anos.
Em meio a tudo isso, um resgate da história religiosa do distrito também foi contemplado. Na sequência da missa, ocorreu a cerimônia de encerramento das comemorações dos 100 anos de construção do lendário El Campanil Della Marcolina, o campanário de Otávio Rocha, inaugurado em 22 de maio de 1921.
Depois de permanecer 24 anos no acervo do Museu Padre Alberto Lamonato, a escultura de “Deus Pai” que encimava a porta da antiga igreja agora passa a adornar a torre (foto abaixo).
A história
Conforme destacado neste espaço na última quinta-feira (21), por cerca de 19 anos, de 1945 até 1964, o “Deus Pai acolhendo a todos” permaneceu sobre a porta da antiga capela – inaugurada em 1905. Na década de 1960, a igreja acabou ficando pequena para a comunidade, o que motivou a construção de uma nova – e o início de sua demolição, em dezembro de 1964.
O chamado “medalhão” com a figura do Pai Eterno, porém, foi retirado da fachada, ficando recolhido na Casa Canônica até 1998, quando migrou para o Museu Lamonatto.
Na foto abaixo, o descerramento da escultura junto ao campanário, domingo (24) pela manhã. A festa, que se iniciou sábado (23), também teve a tradicional bênção dos tratores, alusiva ao Dia do Colono e do Motorista – celebrado nesta segunda-feia (25). A programação para esta segunda inclui, às 10h30min, missa em homenagem a Santo Isidoro e São Cristóvão –respectivamente, padroeiros dos agricultores e dos motoristas –, seguida de almoço.
Reservas de ingressos na subprefeitura, pelo 3279.1298, ou no salão da comunidade, pelo 3279.1138.
Segalla e Zambelli
A igreja velha e o campanário de Otávio Rocha têm suas histórias atreladas ao esforço da comunidade local e a dois nomes eternizados na memória de Caxias e da região de colonização italiana: o construtor Luiz Segalla e o escultor Michelangelo Zambelli.
Segalla construiu a antiga Capela São Marcos, concluída em 1905, e a torre, inaugurada em 1921. Já Michelangelo Zambelli foi contratado para adornar ambas: executou a imagem do Cristo Redentor, no alto do campanário, e o medalhão do Deus Pai, agregado à fachada da igreja em 1945. Também confeccionou a estátua de Santa Eurósia, um dos destaques do templo.
A saber: a nova e moderna Matriz de Otávio Rocha, surgida em 1965, também teve projeto e acompanhamento da família Segalla, por meio do engenheiro Frederico Segalla.
Campanil da Marcolina
Travessão Marcolino Moura era o antigo nome da localidade de Otávio Rocha, quando esta ainda pertencia a Caxias. Daí a população mais antiga se referir ao campanário como o “Campanil da Marcolina”.