Elas marcaram a programação das Festas da Uva de 1950, 1954, 1958 e 1961, mobilizando pilotos de todo Estado e atraindo multidões às estradas empoeiradas do interior da Serra Gaúcha. Falamos das lendárias corridas de carreteras, que agora tem boa parte de sua história registrada em livro. Numa iniciativa dos próprios autores, Luiz Fernando Andreatta, 77 anos, e Paulo Roberto Renner, 75, acaba de ser finalizada e impressa a publicação Automobilismo no Tempo das Carreteras – Em Especial no Rio Grande do Sul.
São 262 páginas, com mais de 700 fotos (algumas coloridas), que fazem, provavelmente, o mais completo inventário das provas automobilísticas e desse tipo de veículo de competição – que movimentou o Estado e o país, desde o final dos anos de 1930 até o fim da década de 1960.
A “Brigitte" de Catharino Andreatta
As carreteras são veículos de passeio adaptados, envenenados e recortados, que povoaram os circuitos dos países da América Platina e do Brasil, – principalmente na região Sul.
No texto de introdução, Andreatta conta que quando sua mãe estava grávida e prestes a tê-lo, foi levada às pressas para a maternidade na carretera (apelidada de Brigitte) de seu tio Catharino, irmão do seu pai Júlio. Só essa curiosidade já dá a dimensão do envolvimento da família Andreatta com essas fantásticas máquinas.
Luiz Fernando relata que o impulso decisivo para a concretização da obra – agora, já disponível aos aficionados – foi dado por Renner e Heron de Lorenzi (jornalista especializado em automobilismo que atuou no início da década de 1950). Foram realizadas diversas viagens e inúmeras entrevistas com ex-pilotos, familiares, mecânicos, jornalistas e fãs de automobilismo.
Mais informações sobre o livro, que custa R$ 80, podem ser obtidas pelos fones (51) 99912. 9501 e (51) 99987.0401.
Copa Festa da Uva de 1961
Conforme já destacado neste espaço em fevereiro último, uma das corridas mais lembradas ocorreu há 60 anos, durante a Festa da Uva de 1961. A prova de força livre deu-se em 19 de março daquele ano, com largada e chegada em Caxias (foto abaixo). O trajeto, percorrido por alguns dos melhores pilotos gaúchos e também de convidados do Paraná e de Santa Catarina, incluiu passagens por Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha e São Sebastião do Caí, com retorno por Novo Hamburgo e Nova Petrópolis.
Dos sete veículos que receberam a bandeirada de largada, apenas dois completaram a disputa. O vencedor foi Ítalo Bertão, representante de Passo Fundo, pilotando a carreteira Chevrolet 1938 com o número 9. Em segundo lugar, Germano Schlögl, vindo do Paraná, com o Ford número 19. O terceiro lugar do pódio, como se viu, acabou vago.
Catharino Andreatta, um dos mais famosos pilotos gaúchos de todos os tempos, capotou sua carreteira. O ícone Aristides Bertuol, de Bento Gonçalves, que retornava às provas naquela disputa, também não concluiu o percurso.
Parceria
Parte das informações desta página foi publicada originalmente na coluna Almanaque Gaúcho, do colega Ricardo Chaves, de Zero Hora.