Há exatos 40 anos, em Buenos Aires, chegava ao fim o Rallye Internacional Vuelta a la América del Sud, a mais longa prova de rally até hoje realizada no mundo, com aproximadamente 29,2 mil quilômetros.
A largada, também na capital argentina, no dia 17 de agosto daquele ano, havia sido dada por Juan Manuel Fangio, ídolo do automobilismo argentino, pentacampeão mundial de Fórmula-1. Participaram as duplas brasileiras Christiano Nygaard/Neri Reolon e Jorge Fleck/Mário Figueiredo, com carros Volkswagen 1300cm3, o que os habilitava a competir na categoria A – grupo 1, enfrentando carros Renault, argentinos e colombianos, e Citröen, argentinos e chilenos. Os brasileiros se classificaram em primeiro e segundo lugar, respectivamente.
Os roteiros da prova caracterizavam-se por estradas difíceis de transitar e por paisagens típicas das regiões, como as planícies uruguaias e o Chaco paraguaio. A etapa Cuiabá/Manaus, a mais difícil e a mais longa da prova, contava com 2.352 quilômetros, e foi quando ocorreram dois acidentes que resultaram em duas vítimas fatais. Os participantes andaram também por locais de altitude elevada, em torno de 4,1 mil metros, margeando o lago navegável mais alto do mundo, o Titicaca.
As variações acentuadas de altitude começaram quando cruzavam pela Cordilheira dos Andes. Estradas semicobertas de neve eram uma constante, especialmente quando se aproximaram de Bariloche. No trecho Bariloche/Ushuaia, na região da Patagônia, atravessaram de ferry boat o Estreito de Magalhães, após terem de esperar a inversão da maré, entre os oceanos Pacífico e Atlântico, logo ao chegar no Canal de Beagle.
Na volta de Ushuaia, cruzaram novamente o Canal de Beagle, retornando ao continente. A partir deste ponto, a preocupação era, exclusivamente, com a chegada ao final da corrida, pois o desgaste físico estava bastante acentuado. Completaram a prova apenas 22 competidores dos 57 que largaram.
Na chegada, uma surpresa agradável para os brasileiros: a presença de diversos familiares, bem como de companheiros das equipes de rally. Em 2008, quando se completaram os 30 anos da participação, foi editado um livro com todos os detalhes da prova. Nessa época, também foi construída uma réplica do carro 110, que encontra-se exposta no Museu do Automobilismo de Passo Fundo.