A segunda parte da coluna sobre o Frigorífico Rizzo destaca alguns tópicos contidos no Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul (1875-1950), publicado pelo autor Duminiense Paranhos Antunes.
O texto de 70 anos atrás detalhava não apenas o cotidiano da fábrica, mas o então “próspero e futuroso Núcleo do 1º Distrito de Caxias do Sul, distante apenas seis quilômetros da cidade” - leia-se bairro Desvio Rizzo.
Confira o texto original:
“O povoado, graças ao trabalho de seus moradores, auxiliados pela instalação ali do importante estabelecimento industrial que é o Frigorífico Rizzo, se transformou, em pouco tempo, de um núcleo quase virgem em um dos povoados dos mais alegres e pitorescos, com portas abertas para um grande futuro. Ocupando o Frigorífico Rizzo um elevado número de operários, foi se formando nas redondezas um aglomerado de bonitos chalés e outras boas construções. O desenvolvimento do local chamou desde logo para ali outras indústrias e casas de comércio, criando assim naquele zona um vilarejo, com sua atividade civil e seu grupo escolar”.
Conforme o texto, em 1950, o vilarejo contava ainda com uma capela, um hotel, uma sociedade recreativa e uma fábrica de marmelada, pertencente à firma Postali, Scavino & Cia Ltda.
Curiosidade de 70 anos atrás
Os tópicos a seguir foram publicados no "Documentário Histórico do Município de Caxias do Sul (1875-1950)", de Duminiense Paranhos Antunes.
- O Frigorífico Rizzo ocupa para mais de 200 empregados, todos residentes em casas construídas pela própria firma, o que bem demonstra a importância do estabelecimento.
- O desvio, que traz o nome dos proprietários do frigorífico, é o ponto de embarque dos produtos do estabelecimento industrial, os quais são distribuídos para os mais diversos pontos do país.
- Aproveitando os derivados, o Frigorífico Rizzo possui também uma fábrica de sabão e de adubos, cujos produtos têm merecido a melhor aceitação no mercado. Mantém ainda uma grande criação de suínos de raça, para a venda de reprodutores aos colonos, procurando assim disseminar a melhoria das raças suínas na região. Essa criação, montada nos moldes mais modernos, conta com mais de 1.500 cabeças.
- Quando da instalação do Frigorífico Rizzo, em 1938, a direção da Via Férrea mandou construir no local uma parada (a estação de trem do Desvio Rizzo).
- Localizado num ponto de passagem obrigatória aos que chegam ou partem de Caxias via Farroupilha, conta o povoado com diversos meios de transporte, além da linha férrea, transitando por ali diariamente nada menos do que seis linhas de ônibus de passageiros, sendo por isso promissor o futuro que lhe está reservado.
O ponto de venda na Av. Júlio
Impossível falar do Frigorífico Rizzo sem mencionar o famoso ponto de venda dos produtos na Av. Júlio de Castilhos esquina com a Borges de Medeiros. Era onde a população do Centro e arredores abastecia-se de carnes, frios, presuntos, conservas, salames e uma variedade de outros artigos.
Detalhe: o varejo ficava em um sobrado ao lado do antigo Edifício Sehbe, sede da Rádio Caxias, onde o empresário Nestor Domingos Rizzo, filho do fundador Alexandre Rizzo, também atuava como diretor e comunicador.
Abaixo, um anúncio do Matadouro e Frigorífico Rizzo publicado no jornal “A Época” de 16 de outubro de 1949. O texto destaca o posto de vendas da Júlio, além de elencar a oferta de glândulas animais, línguas, ossos preparados, couros, adubo, sabão e sangue seco.
Resgate
A história do Frigorífico Rizzo também foi abordada por Elias Ricardo Poegere em sua dissertação de mestrado A construção da identidade na Região Colonial Italiana: o processo de modernização e urbanização como fator de memória e esquecimento do Frigorífico Rizzo, em Caxias do Sul – 1938 a 1960.
O trabalho, orientado pela professora Vânia Herédia, integrou o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Caxias do Sul, em 2016.