Das histórias mais fofas que ouvi nos últimos tempos: um senhor de 95 anos, viúvo, leu uma matéria no jornal que trazia a foto e as impressões de uma antiga paixão da vida dele, uma senhora de 91 anos. Procurou uma colunista para tentar intermediar e conseguir o contato da mulher e foi assim que a história chegou até mim. Sigo na expectativa pelo desfecho, mas muito maravilhada com a possibilidade de alguém ainda sentir borboletas na barriga aos 95 anos ao se deparar com um amor antigo. Quem assistiu ao lindíssimo Viver Duas Vezes (e chorou copiosamente!) talvez tenha a dimensão mais presente do amor que permanece.
Um amigo manda um áudio para comemorar a participação de um parceiro dele em um evento importante. Destaca a trajetória da pessoa em questão, com passagem pelo crime e com uma redenção reconhecida há bastante tempo, começa a se estabelecer como uma referência positiva para uma parcela da população. E a inserção em novos locais acaba tirando-o da periferia e o colocando no centro das discussões. Deslocar o ponto de vista já costuma ser um ganho — e celebrar vitórias alheias é para quem entendeu o propósito da vida.
Vejo uma amiga à frente dos microfones de um evento importantíssimo na cidade, estreando ao lado de um veterano e conduzindo o protocolo com maestria. Ela me conta que os bastidores não foram assim tão tranquilos e outra amiga, ainda mais próxima desse universo, revela a resistência que houve para romper com o esperado e apostar numa novidade. Ainda bem que alguém teve essa coragem, porque funcionou. E a gente só abre novas possibilidades se estiver disposta a tentar.
Recebi, via WhatsApp, fotos lindíssimas de pôr do sol essa semana e pude retribuir com uma em que o sol estava surgindo na janela do meu quarto, numa manhã cedinho. Recebi recomendações para olhar para a lua, recebi imagens (e tentativas de imagens) do céu noturno. Adoro saber que tenho pessoas próximas que se importam com singelezas, que conseguem contemplar momentos prosaicos como olhar para cima, suspirar na despedida do sol, compartilhar — mesmo que virtualmente — momentos especiais.
Conseguir gargalhar na mesa de um restaurante, seja com amigas, seja com a família, por mais natural que possa ser, costuma atrair atenção em qualquer lugar. E nem é por conta do volume das risadas, mas pelo clima contagiante que provoca. Me dei conta disso após um colega que estava sentado em uma mesa ao lado fazer referência a quanto o jantar estava bom, mas que o destaque eram as risadas na do lado. Felicidade é, sim, contagiante.
Vejo um auditório cheio de estudantes de jornalismo, curiosos e interessados, e renovo minha fé na continuação da atividade com excelência. Reencontro colegas do ambiente acadêmico, recebo um convite para me integrar a uma comissão, troco telefones com uma pesquisadora para dar visibilidade aos trabalhos realizados, divido o palco com uma amiga que admiro e percebo que, quando a gente menos de dá conta, os resultados de uma trajetória meio que se materializam na nossa frente. Como se fôssemos, ao mesmo tempo, protagonistas e espectadores das nossas decisões, erros e acertos.
Alguns microfragmentos de instantes dessa semana reforçam minha crença de olhar para o “copo meio cheio” e de que, se olharmos bem e de modo geral, existem mais alegrias à nossa espera do que costumamos contabilizar.