A Lua em Capricórnio. As conexões improváveis. A cidade vazia. As vagas de estacionamento desocupadas. O bolão da Mega-Sena. As histórias de quem não ganhou. O ex que fez a quina na Mega da Virada. A polarização infinda. A falta de paciência para discutir. O namorado jovem da Annie Ernaux. A literatura mimetizando a vida. Os poemas de Wislawa Szymborska. As conversas sobre a ascendência polonesa. A escrita compartilhada. Os versos inspirados em um muso qualquer. Os discursos televisionados. A vida real que não dá trégua.
As passagens aéreas em promoção. A chuva nas férias. A geada em janeiro. A caminhada no parque. O ventinho no rosto. A preferência pelo pôr do sol versus o amanhecer. A cachorra fotogênica. Os lápis aquarelados que funcionam direitinho. Os oito tipos de pessoas para manter por perto. A normalização do não. O questionamento sobre o som de uma palma só. A pessoa que foi a Moçambique muitas vezes. O contato lá de um amigo do teatro. A necessidade do visto. A vontade de se esconder temporariamente. As novidades gastronômicas. As receitas de família. A cozinha como expressão de amor. O eu te amo dito à exaustão sem nunca banalizá-lo. Os novos afetos que surgem. As pessoas que somem. As chegadas avassaladoras. A vontade de fazer aulas de patinação. A amiga que anda de skate e ninguém sabe. O conselho para o amigo virar consultor. A triste coincidência entre as Naiaras. A punição que nunca parece suficiente. O celular achado em meio à montanha de lixo. As efemérides. As ausências no velório. As homenagens que nunca cessam. A necessidade de dizer tudo em vida. A Alice pedindo respeito. A fascinação da minha irmã pela Alice. Os acontecimentos da infância que seguem ressoando. A terapia em dia. O ambiente como modulador do comportamento. As metas cheias de subjetividades. O sucesso como desejo alheio de Ano-Novo. A volta do cometa depois de 50 mil anos. A inspiração no axolote que se regenera. A reconstrução que dói e nunca passa. O inventário do adeus. O primeiro samba do ano. A atenção para as mãos no pandeiro. O embaraço do atacante gato. A festa para o ídolo sorridente. O influenciador que se perdeu no personagem. Os correspondentes esporádicos. O desejo constante de proximidade. A covid que parece gripe. A gripe que parece covid. As orquídeas que voltaram a florir. A casa cheia de mosquitos. O mata-inseto rápido e inodoro. A manga descascada, cortada e polissêmica. O melhor abraço do mundo. O trabalho em pés descalços. As marcas de biquíni. O sol que parece mais quente do que nunca. A chance de recomeçar a cada amanhecer. A certeza de que, antes de pedir, há muitos motivos para agradecer.