Já dizia sábio Merlin, em uma citação na letra de Milonga de Manuel Flores, música do gaúcho Vitor Ramil: “Morrer é haver nascido.” É uma sentença. Sábio Merlin era conselheiro do Rei Arthur, da Távola Redonda, uma figura medieval. Parece que tinha capacitação para a função, pois a sentença é instigante. Ao abrirmos os olhos, começamos a morrer. O “marco zero” começa a ficar para trás e ingressamos em uma estrada de contornos imprecisos que, gradativamente, nos distancia do que queremos, ou interpõe obstáculos, expõe limitações ou impossibilidades que vão, pouco a pouco, desmantelando ilusões. Há quem diga que pagamos impostos para nascer e para morrer. É a versão econômica para a sentença do sábio Merlin. Desde o início, temos de lidar com pequenas mortes: a chupeta ou o peito da mãe retirado do recém-nascido, o brinquedo impossível que uma criança olha de longe, o amor não correspondido, sonhos e ideais atropelados pela vida real. Começa lá e avança ao longo da vida, expondo-nos a cenários e experiências que nos perturbam, a ponto de muitos sucumbirem ao desencanto em suas diversas formas, ainda cedo.
Crônica
Opinião
Sábio Merlin e Caramelo
Caramelo resistiu com bravura e – muito importante – serenidade diante da situação
Ciro Fabres
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