O vereador Rafael Bueno (PDT), que presidiu por sete anos uma frente parlamentar na Câmara pela criação de uma universidade federal na região, resgatou na sessão desta terça-feira (15/8) a mobilização pela conquista de uma extensão da UFRGS para a Serra Gaúcha. A extensão da UFRGS foi onde desembocou, como caminho possível, uma forte mobilização regional em 2011, que incluiu um abaixo-assinado com mais de 20 mil assinaturas. Essa luta culminou em 27 de maio de 2019, quando prefeitura de Farroupilha e UFRGS assinaram um protocolo de intenções para implementação física de um escritório de inovação, a ser coordenado pelo Parque Zenit, parque científico e tecnológico da UFRGS. Mais de quatro anos depois, essa implementação física em um terreno reservado para a universidade em Farroupilha nunca aconteceu. Bueno historiou a luta regional para demonstrar que, no seu entendimento, não é necessário recomeçar a mobilização por uma universidade federal.
– Existe uma luta constituída com mais de 20 mil assinaturas. (...) As mobilizações já foram feitas. Agora, o que falta é buscar recursos para construir esse prédio. Nós temos o dever é de transformar ações em realidade e não mobilizar a população mais uma vez – discursou Bueno, mostrando volumes de páginas com as milhares de assinaturas (foto acima).
Ocorre que a extensão da UFRGS não prosperou até agora. A proposta e as mobilizações adormeceram, já faz mais de quatro anos. E outra demanda surgiu recentemente, agora, por conta de uma proposta de instalação de uma universidade federal na Serra Gaúcha para receber votos e previsão de recursos orçamentários no Plano Plurianual Participativo (PPA) do governo federal. O debate acabou retomado.
O fato é que a Serra Gaúcha é uma das poucas regiões do Estado a não dispor de uma universidade federal, e isso é inexplicável. O formato de como tornar essa demanda uma realidade é algo a ser debatido. Há um pleito decisivo que voltou à tona, de uma universidade federal. Há outro caminho que pode ser percorrido, junto ao Ministério da Educação, porque é um caminho que se abriu e está aberto. Enquanto isso, o debate pode prosseguir. Uma coisa é certa: a Serra tem de ter uma universidade federal, e a mobilização, com unidade, precisa ser retomada a partir de agora. Para ir até o fim.
O problema da extensão da UFRGS
A proposta de uma extensão da UFRGS tem um sério problema, que o próprio vereador Bueno expôs em sua manifestação de terça-feira na Câmara, ao recuperar uma fala do então reitor da UFRGS em 2011, Carlos Alexandre Neto:
– A UFRGS não virá para competir com cursos que já têm na UCS e outros centros universitários. Ele (ex-reitor) deixou claro, e está aqui nos anais: “Nós não traremos Medicina, não traremos cursos para Direito, Administração, para competir com o que já tem aqui.”
Esse perfil da extensão da UFRGS deixa desatendido um dos principais motivos - provavelmente o principal - para a implantação de uma universidade federal na Serra Gaúcha: garantir a oferta de cursos importantes em uma universidade gratuita para o filho e a filha de trabalhadores e trabalhadoras que não têm condições de bancar uma universidade paga.
Oferta de cursos hoje inacessíveis
Uma discussão que surgiu no debate é se há motivo para trazer uma universidade federal para a região, uma vez que já há uma estrutura de ensino superior, inclusive federal, em Caxias do Sul.
Uma universidade federal é impulso à formação superior, à extensão, à pesquisa, à ciência, ao conhecimento. Traz junto mais desenvolvimento. Mas a principal motivação é social: oferecer a uma ampla faixa de jovens, filhos e filhas de trabalhadores e trabalhadoras, a oportunidade de cursar cursos que, hoje, são inacessíveis a jovens caxiense cujas famílias não dispõem de recursos para bancar uma universidade paga.
Motivação há, e ela é decisiva e fundamental para um exército de jovens caxienses e da região.