Na sessão de quinta-feira (10/8) da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, o debate sobre uma universidade federal na Serra Gaúcha revelou desconhecimento do que seja uma instituição desse porte. Sugeriu-se que ela possa funcionar em espaços ociosos da UCS (Universidade de Caxias do Sul), na Maesa ou no Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza. Teme-se, na fala de alguns vereadores, a necessidade de ter de “construir prédios” e há uma preocupação com “otimizar o uso do dinheiro público”.
O perfil de uma universidade pública mudou, hoje existe o ensino à distância. Mas é preciso construir prédios, sim, é preciso ter laboratórios e uma série de espaços indissociáveis a uma universidade pública. Para comparação, o campus principal da UFSM, em Santa Maria, tem área de 1,8 mil hectares. Só de área construída, são 240 mil metros quadrados, ou 4,5 vezes a área da Maesa.
Uma universidade federal pode iniciar pequena, em área emprestada. Mas precisa de área para crescer e erguer prédios. É o preço do incentivo ao ensino, à pesquisa, à ciência, à extensão, ao conhecimento. É pegar ou largar. Se a escolha for por uma federal de verdade, há um longo caminho a percorrer. Mas valerá à pena. Os filhos dos trabalhadores agradecerão.
Tem de correr atrás
Em suas manifestações sobre a luta por universidade federal na sessão de quinta-feira (10/8), o vereador Rafael Bueno (PDT) adotou o caminho invertido, antes de questionar se “vale a pena criar um elefante branco”:
– O governo federal quer de fato trazer (para a Serra) um campus de universidade federal ou criação de um polo? – questionou.
O questionamento não tem nenhum sentido. Não é o governo que tem de tomar a frente. O governo federal tem milhares de demandas por todo o país. O governo federal não tomará a iniciativa de propor e trazer aos caxienses uma universidade federal. Os caxienses é que precisam correr atrás da universidade, convencer o governo e conquistar o pleito.