Num jantar sábado passado, eu conversava sobre os avanços da inteligência artificial com meu primo versado nas ciências da computação. Confesso que fiquei meio apreensiva quando justo ele, um entusiasta da informática e dos avanços da ciência, disse com toda calma do mundo, mas com certa preocupação: “Na verdade, veio tudo rápido demais, ninguém esperava que acontecesse tão depressa”. Ele me contou como estava desenvolvendo o software de um jogo para celular e como usou o ChatGPT para encontrar um erro no programa. Essa função da ferramenta sozinha vai tornar obsoletos vários profissionais da área de programação, categoria antes aparentemente imune na revolução tecnológica que vivemos.
Eu mesma, como tradutora e educadora, já estou há alguns meses testando quase que diariamente a ferramenta ChatGPT e cada vez mais fico impressionada. Para quem ainda não sabe exatamente do que se trata, vou dar uma explicação bem sucinta: o ChatGPT nada mais é que uma (entre tantas) formas de Inteligência Artificial (IA) que estão evoluindo muito rapidamente. Como a própria IA se define, o ChatGPT é um “modelo de linguagem de inteligência artificial criado pela empresa OpenAI, baseado na arquitetura GPT (Generative Pre-Trained Transformer)”. Essa IA é capaz de imitar a linguagem humana em muitos aspectos permitindo que seja usada em diversas aplicações, como chatbots (aquelas mensagens automáticas de atendimento ao cliente), assistentes virtuais e até mesmo em sistemas de tradução.
O mais impressionante é que o modelo consegue aprender continuamente com os novos dados alimentados por nós, humanos, o que significa que sua capacidade de gerar texto natural só tende a melhorar com o tempo. E como toda nova tecnologia que surge para testar nossa habilidade de nos adaptar e acompanhar as mudanças — numa espécie de darwinismo ultramoderno —, obviamente já se desenha no horizonte que tipo de profissional vai sobreviver e continuar relevante diante disso tudo e quem vai sumir na sarjeta da irrelevância e obsolescência.
Me parece muito claro que vai se dar bem quem souber “conversar” melhor com a máquina, quem expressar com clareza como quer que o robô execute uma tarefa para atingir determinado resultado com mais rapidez e eficiência. A era da informação está abrindo espaço para a era da decisão: só quem tem objetivos concretos e bem delineados vai conseguir dar comandos precisos e obter a melhor performance possível dessas ferramentas de inteligência artificial.
Aquele tipo de profissional diletante, sem muito foco, sem muita visão, sempre indeciso e meio perdido não tem espaço na era de quem sabe o que quer. Quem agregar a tudo isso altas doses de criatividade vai ficar lá no topo sem qualquer perigo de concorrência. Quanto ao resto, só lamento. Na verdade, a cada semana que passa milhões de pessoas estão mais próximas dessa nova sarjeta virtual.