A frase do título não é minha. Li há muito tempo em algum post de rede social e guardei para a vida. Minha filha já ouviu essa frase de mim inúmeras vezes e sempre dá uma risadinha de cumplicidade que me faz transbordar de tanto amor. Mas o que é ser uma “mãe chata” hoje em dia? E, principalmente, o que seria um “filho bem-sucedido”?

Ser uma mãe chata é, em primeiro lugar, saber dizer não. Quem convive com crianças e adolescentes sabe que todo dia acontece alguma coisa que nos leva a tomar a decisão de impor limites ou de deixar a gurizada à vontade para fazer o que quiser. Obviamente, a segunda opção só é levada em conta por adultos tão ou até mais infantilizados que seus filhos. A mãe “legal”, ou o “pai bacana”, é justamente um tipo de pessoa imatura, preguiçosa, mimada e inconsequente igual a um jovem sem experiência nenhuma de vida.

A verdade é que dar limites e dizer “não” dá muito trabalho, é desgastante, requer muita conversa, muitas explicações, justificativas e altíssimas doses de paciência. A tarefa de educar um pequeno ser humano até ele se tornar adulto exige muito de quem escolheu a maternidade como um dos caminhos a seguir. Algumas mães – e vários pais – só se dão conta disso depois que o filho nasce e percebe que essa pessoinha nos seus braços é sua para sempre. E o futuro dessa pessoinha depende basicamente do que a mãe e o pai vão fazer.

A mãe chata vai passar noites em claro, vai obrigar a colocar um casaco, vai tirar o celular e o tablet das mãos do filho para limitar o tempo de tela, vai mandar escovar os dentes, vai proibir de comer doce antes do almoço, vai cozinhar brócolis e chuchu, vai fazer o filho estender a toalha molhada em vez de deixar no chão do banheiro, vai conferir se fez o tema, vai à reunião do colégio e pegar o boletim, depois vai fazer perguntas, vai querer saber. E vai dar castigo, e às vezes vai ser durona demais e depois chorar escondida no banheiro, e vai pedir desculpa. Mas a mãe chata, sem dúvida, faz tudo o que pode e o melhor que pode para mostrar aos seus filhos como o mundo realmente é, vai orientar como navegar por águas turbulentas e como encontrar um porto seguro. Na verdade, a mãe chata quase sempre e por muito tempo será o porto seguro.

E é assim que as mães chatas entregam ao mundo adultos de sucesso. E um adulto de sucesso hoje nada mais é que uma pessoa ética, responsável, com pleno senso de direitos e de deveres, solidário, bom para os outros e bom para si próprio. Ser bem-sucedido é conhecer a si próprio, enfrentar seus medos, é não ter vergonha de chorar e de pedir ajuda, é assumir riscos calculados, é ter generosidade para estender a mão a quem precisa. Um filho bem-sucedido é um filho feliz, que se sente acolhido pelo mundo em vez de travar batalhas injustificáveis e intermináveis contra tudo e contra todos. A mãe chata de hoje nada mais é que uma filha bem-sucedida dando sequência a um legado.