Não foi ruim, mas o desempenho da economia caxiense, divulgado na quinta-feira, poderia ter sido melhor. Frustrou um pouco o tímido avanço (ou seria estagnação?) de 1% da indústria no acumulado do primeiro trimestre. O segmento fabril vinha embalado no pós-retração, mas agora está em ritmo um pouco mais lento, o que preocupa analistas e empresários.
– É um sinal preocupante, porque é a indústria que puxa tudo, inclusive a geração de empregos – alertou o diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC de Caxias, Astor Schmitt.
Para entender o cenário econômico, nada melhor do que contextualizar. Sim, o crescimento de 1% da indústria no primeiro trimestre de 2019 revela-se insignificante, mas não dá para desconsiderar que a base de comparação é alta, já que no mesmo período de 2018 o incremento não havia sido nada modesto, de 12,4%. E naquele momento em relação ao ano anterior (2017), claro, a base de comparação também era mais fraca.
No acumulado geral de janeiro a março de 2019, a economia caxiense cresceu 4,6%. No mesmo período do ano passado, esse índice era multiplicado quase por três: de 12,2%.
Em compensação, o comércio mostra uma força de retomada bem curiosa, já que foi o setor que mais demorou a engrenar depois da retração econômica.
O reflexo da recuperação da indústria demorou a chegar no varejo. Mas agora parece que começa a dar as caras, e o consumidor volta a sentir-se menos inseguro para investir.
Com isso, de janeiro a março de 2019, o comércio viu sua receita escalar 16,3% sobre o primeiro trimestre de 2018, quando havia ficado na lanterninha de incremento. Agora, inverteu a lógica e foi o segmento que mais se destacou nesse comparativo.
Qual a leitura a se fazer do contexto?
1º) Depois de experimentar uma retomada econômica, após anos de retração, Caxias do Sul agora começa a viver uma fase de acomodação dos indicadores.
2º) Há espaço para crescer, mas a economia ainda não oferece a melhor atmosfera de confiança ao investidor. Se durante as eleições as expectativas deixavam o mercado otimista, no pós-campanha há muitas interrogações no ar.
3º) O custo de vida está alto e os salários ainda estão defasados, impedindo uma recuperação mais acentuada dos negócios e dos empregos.
4º) As empresas buscam crescimento sustentável e a retomada será lenta e gradual.
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