O Dia Nacional de Combate ao Fumo é lembrado nesta quinta-feira (29). A data é um alerta aos malefícios do consumo de cigarros, cachimbos, charutos ou dispositivos eletrônicos para fumar. Em Passo Fundo, a procura pelo tratamento contra o tabagismo cresceu nos últimos anos.
Disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), a terapia é feita por meio de medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de nicotina) e bupropiona, além do acompanhamento médico. Para o cirurgião torácico e pneumologista Saulo Cocio Martins Filho, o primeiro passo deve ser do paciente.
— A primeira fase para o tratamento é a da contemplação, quando a pessoa se dá conta que fumar não está fazendo bem. Os efeitos do tratamento são sentidos logo no primeiro dia sem fumar, a frequência cardíaca já baixa. Se ficamos três semanas sem cigarro, começamos a sentir o sabor da comida novamente — destaca.
Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2023, 9,3% dos brasileiros se declararam fumantes. O número é 25% menor do que o registrado em 1989, ano em que iniciou o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.
Porém, mesmo com a redução, o Brasil ainda registra cerca de 160 mil mortes anuais que são atribuídas ao uso de tabaco, segundo a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Conforme o especialista, a maioria dos pacientes fumantes são acometido por duas doenças graves: o câncer de pulmão e o enfisema pulmonar.
— Quase 90% do câncer de pulmão está relacionado ao cigarro, então é uma doença prevenível caso a pessoa não fume. Já o enfisema causa a destruição do tecido do pulmão e o principal sintoma é a falta de ar até nas atividades mais simples — pontua.
Os efeitos do vape
Ainda não é possível observar os efeitos a longo prazo do uso de cigarro eletrônico, conhecido como vape. Apesar disso, o médico prevê uma série de complicações futuras entre os usuários, a maioria jovens.
— A indústria do cigarro se baseia na moda. Antes, o cigarro comum era o que estava nas propagandas e entre os jovens. Hoje, o vape assumiu esse lugar, mas mesmo ainda sem estatísticas, basta observar o que compõe esse tipo de cigarro para prever os problemas — diz.
O debate em relação aos cigarros eletrônicos voltou à tona nas últimas semanas, em função da possibilidade de votação do projeto de lei que permite sua comercialização no Brasil. O texto estava na pauta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal na semana passada, mas a discussão foi novamente adiada — a nova data prevista é 3 de setembro.
O pneumologista explica que o cigarro eletrônico deixa uma resina, espécie de cera, dentro dos pulmões do fumante. Ao longo do tempo, esse material se solidifica no espaço que deveria ser utilizado para a troca de oxigênio.
— O que a gente já vê e que acende um alerta são as intoxicações agudas, muitas vezes em adolescentes. Eles fumam de maneira exagerada e entram em insuficiência respiratória, justamente por preencher de forma abrupta aquelas partes do pulmão que deveriam estar trocando oxigênio — salienta.