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Silencioso, câncer do colo de útero está entre os que mais matam mulheres; saiba como prevenir

Doença é a quinta causa de morte por neoplasia maligna em mulheres no RS. Principal fator de risco é a presença do Papilomavírus Humano (HPV) 

Tatiana Tramontina

Repórter

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Câncer do colo de útero é considerado raro antes dos 20 anos e incomum antes dos 30.

Com o objetivo de conscientizar as mulheres sobre o câncer de colo útero, o Ministério da Saúde criou a campanha "Março Lilás". No Rio Grande do Sul, o câncer de colo de útero é a quinta causa de morte por neoplasia maligna em mulheres. 

Na região Planalto, a qual Passo Fundo faz parte, a doença atingiu 30 a cada 100 mil mulheres em 2023, conforme boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RS) lançado em 2024, o último dado a que se tem acesso. Naquele ano, foram 65 pacientes com o tumor e 18 mortes em decorrência da doença, três a mais que o registrado em 2022. 

O principal fator de risco é o Papilomavírus Humano (HPV), infecção sexualmente transmissível que deve contaminar cerca de 80% das pessoas que já tiveram alguma atividade sexual durante a vida, como afirma a médica cirurgiã oncológica do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Letícia Isabel Pedrini:

— Em torno de 10% dessas pessoas vão ficar com uma infecção persistente, ou seja, a imunidade sozinha não vai conseguir eliminar o vírus e resolver essa infecção. O HPV vai fazendo alterações nas células do colo do útero e essas alterações vão começar com a displasia, sendo que a evolução da displasia é o câncer

O processo de transformação de uma infecção persistente para um câncer invasor com capacidade de se espalhar e se tornar agressivo pode acontecer em torno de 10 anos. Conforme a médica, inicialmente a doença não apresenta sintomas, por isso a importância de realizar o exame preventivo, conhecido como Papanicolau.

— Quando o câncer já está mais avançado ele pode dar dor pélvica, sangramento durante a relação e sangramento fora do período menstrual. É muito comum as pacientes acharem que é algum problema hormonal e trocar de anticoncepcional por conta própria. Dessa forma, acaba demorando ainda mais para procurar ajuda médica e para fazer o diagnóstico — disse. 

O câncer do colo do útero é considerado raro antes dos 20 anos e incomum antes dos 30. Conforme a recomendação do Ministério da Saúde, o preventivo pode ser realizado a partir dos 25 até os 65 anos

Em Passo Fundo, foram registrados 136 exames de preventivo na rede municipal de saúde em 2023 e 141 em 2024. A coleta de exames de preventivo pode ser realizada em todas as unidades de saúde, como afirma a coordenadora de Recuperação à Saúde, Caroline Gosh. 

— A coleta do exame é realizada por profissionais médicos e enfermeiros. Também é realizada uma orientação em relação a saúde da mulher e a avaliação da necessidade de mamografia — disse. 

Vacinação 

Bruno Todeschini / Agencia RBS
Público-alvo é composto por meninas e meninos de nove a 19 anos.

Do ponto de vista da médica cirurgiã, o câncer de colo de útero é uma doença que não deveria existir. Isso porque 99% dos casos está associado ao HPV, que pode ser prevenido através da vacinação

— A vacina quadrivalente pode evitar até 70% dos casos e a vacina nonavalente, que pode ser aplicada em pessoas até 45 anos de idade na rede privada e que tem mais eficácia se administrada antes do início da atividade sexual, pode evitar até 90% dos casos. Então, a principal estratégia tem que ser prevenir a infecção pelo vírus — explica. 

Em Passo Fundo, o imunizante pode ser encontrado em todas as salas vacinais, como afirma Caroline. 

— A vacinação para HPV faz parte do calendário vacinal para meninos e meninas que tenham entre 9 e 19 anos. São duas doses — disse. 

Tratamento

O tratamento do câncer de colo de útero pode variar de caso para caso, como afirma a médica. Em estágios mais precoces, ele costuma ser cirúrgico, com intervenções que podem até preservar a fertilidade. Já em estágios mais avançados, o tratamento é realizado através de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia

— É importante que as pacientes não negligenciem os sintomas. Primeiro, tem que se vacinar. Essa é a principal estratégia. Segundo, tem que fazer o preventivo. E, terceiro, se sentiu algum sintoma tem que ir ao médico para ver o que é. Quanto mais a gente espera, mais difícil fica o tratamento e menores são as chances de cura — reiterou a médica. 

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