Para reduzir os números de mortes por câncer de mama, Passo Fundo precisaria fazer, por ano, na rede pública de saúde, pelo menos 23 mil mamografias. Mas a realidade do município fica muito abaixo do ideal: em mais de três anos, entre janeiro de 2019 e maio de 2022, foram feitas somente 13,9 mil mamografias, o que equivale a 60% do necessário para o ano.
O dado é do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), que chama a atenção para a prevenção ao câncer de mama na cidade. Segundo o oncologista da entidade, Álvaro Machado, a população passo-fundense está alcançando ao desempenho que havia antes da pandemia. Mas os números estão longe do ideal.
— Ainda é absolutamente insuficiente para reduzirmos a mortalidade pelo câncer de mama. Passo Fundo deveria realizar, no sistema público, do qual depende cerca de 70-75% da população, aproximadamente 23 mil exames anuais — afirmou.
No município, foram 4 mil mamografias em 2019. Em 2020, caiu para 3,6 mil e, em 2021, superou o ano de pré-pandemia, com 4,5 mil exames realizados. Em 2022, entre janeiro e maio, foram 1,8 mil mamografias.
A mamografia deve ser feita anualmente dos 40 aos 70 anos de idade, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia. Esse é o principal exame para detecção precoce do tumor.
— Estudos estimam redução de 20% a 25% nas mortes por câncer de mama nas populações rastreadas com mamografia. Além disso, quanto antes descobrir, mais chances de cura e menores as sequelas — destaca Alex Seidel, também oncologista do CTCAN.
No Brasil, a campanha Outubro Rosa enfatiza a importância da prevenção do câncer de mama e diagnóstico precoce, disseminando informações sobre essa doença que atinge mais de 73 mil mulheres e provoca cerca de 18 mil mortes todos os anos no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Câncer de mama em números
A estimativa do Inca para o triênio 2023/2025 é de 73.610 casos de câncer de mama — ou seja, 66,54 novos casos a cada 100 mil mulheres. Além disso, são 18.032 mortes anuais. No Rio Grande do Sul, devem ser 3.720 novos casos por ano e cerca de 1,3 mil mortes.
— Ainda é preciso muito trabalho para mudar este cenário. É necessário um amplo, intenso e contínuo programa de conscientização, busca ativa para realização de exames, facilitar o acesso à mamografia e especialistas na rede pública, além, é claro, de acesso aos tratamentos mais modernos. As mortes e a incidência de câncer de mama aumentam ano a ano — observa Machado.
Entre os fatores de risco para a doença estão hábitos comportamentais, fatores ambientais, familiares, hereditários e associados ao ciclo reprodutivo da mulher. Cerca de 20% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis.
A orientação, de acordo com Seidel, é sempre realizar os exames de rotina, e a qualquer sinal de mudança, procurar um médico. Entre os sintomas para prestar atenção estão:
- Nódulos no seio, pescoço e axilas
- Saída de líquido anormal pelos mamilos
- Qualquer alteração atípica no peito ou mamilo.