O número de casos de dengue registrados em 2024 em Passo Fundo é o maior de toda a série histórica, iniciada em 2015. O cenário é considerado preocupante, uma vez que o total de pacientes positivos mais do que dobrou em relação a 2023.
Até esta sexta-feira (13), a cidade registra 1.967 casos, enquanto no ano passado foram 875, conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS).
— A preocupação é bastante grande em relação aos casos de dengue. Não só de Passo Fundo, mas em todos os municípios da nossa regional e do Estado. Tivemos muitos casos no último verão e estamos cientes que provavelmente no verão de 2025 tenhamos muitos casos novamente — alerta a chefe do chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental, Ivânia Silvestrin.
Os bairros Centro, São José, Annes e Boqueirão foram os que registraram o maior número de pacientes infectados, mas Ivânia pontua que todas as localidades tiveram casos.
O calor e o grande volume de chuva durante o ano contribuíram para intensificar a presença e circulação do Aedes aegypti.
— O aumento vem associado à questão climática. Outro fator que colabora é que os ovos do mosquito podem permanecer na natureza por até 450 dias e há pesquisas que dizem que eles podem já estar contaminados com o vírus da dengue. Quando eclodem, os ovos se tornam uma população de mosquito bem grande — explica.
Além dos casos, a cidade também registrou três mortes por dengue em 2024: duas em maio e uma em junho. Todas as vítimas eram mulheres idosas. O número é o mesmo do ano passado, quando duas idosas e uma criança não resistiram à doença. A morte de Valentina Spesotto, 10 anos, gerou mobilização da família e da comunidade.
Apesar do recorde de casos, Passo Fundo tem baixo risco de epidemia da doença. A situação foi apontada no último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (Liraa) do ano, realizado no fim de outubro. Segundo a vigilância, há três casos ativos da doença no momento.
O levantamento apontou a presença do mosquito em 0,7 imóveis a cada cem visitados pelos agentes de combate a endemias, o que indicou baixa chance de alastramento do vírus. O próximo levantamento deve ser realizado no primeiro trimestre de 2025.
Cuidados necessários
Manter a limpeza é um fator decisivo para evitar a proliferação do vetor. Descartar corretamente recipientes e pneus, não utilizar pratos em plantas e manter com tampa vasilhas e caixas d'água são ações essenciais e que dependem da conscientização das pessoas. Quanto maior o número de casos, mais difícil fica o controle do vírus.
— Cabe à população fazer sua parte. Descartar lixo corretamente, não deixar água parada em tonéis e baldes e a gente passou a orientar quem tem bromélias, a descartá-las, substituir por outras plantas ornamentais, porque as bromélias reservam água interna e é um perigoso criadouro potencial — ressalta Ivânia.
A prevenção se torna ainda mais importante diante de um cenário em que as vacinas contra a dengue ainda não são aplicadas em massa. Passo Fundo, por exemplo, ficou de fora da remessa recebida pelo Estado na metade do ano. No RS, em torno de 20 mil pessoas receberam uma dose, mas só 5% retornou para a segunda aplicação.
— As vacinas recebidas foram direcionadas para áreas mais endêmicas do que a nossa, e com mais óbitos. A situação epidemiológica de cada município é avaliada na hora do envio das vacinas. Se recebermos será muito bom, mas os cuidados não podem ser deixados de lado — enfatiza.
Sintomas
A Secretaria Estadual da Saúde faz um alerta para que a população procure atendimento médico nos serviços de saúde logo nos primeiros sintomas, para evitar o agravamento da doença.
Os principais sintomas são:
- Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias
- Dor retro-orbital (atrás dos olhos)
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Dor nas articulações
- Mal-estar geral
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira.