Um paciente cardíaco, de 50 anos, aguardou um retorno sobre o agendamento para realizar cateterismo por mais de um mês. Indicado pelo Estado para agendar o procedimento no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), via Sistema Único de Saúde (SUS), o homem não conseguiu o encaminhamento e nem previsão de data, em razão de um equipamento estragado. Ele só conseguiu retorno após entrada em emergência, na terça-feira (30).
GZH Passo Fundo teve acesso a requisição que indica a necessidade de cateterismo cardíaco, com diagnóstico de doença isquêmica crônica do coração. De acordo com a esposa do paciente, que preferiu preservar a identidade, o agendamento do procedimento não foi realizado. Após ir ao hospital, ela e marido foram comunicados que o equipamento de hemodinâmica estava estragado e não havia previsão de conserto. Sem previsão de data, o paciente aguardou um novo retorno.
Na terça-feira, após passar mal, ele precisou dar entrada na emergência do HSVP, onde segue internado e já realizou exames. Segundo a esposa, estando na emergência, existe uma possibilidade do procedimento ser realizado com urgência na tarde desta sexta-feira (2). No entanto, a reclamação dela e do marido é pelo período em que ficaram sem respostas para um agendamento.
— Falaram para a gente aguardar quando o equipamento voltasse a funcionar. Mas e se ele infartar? Aí vem para a Emergência? Ele (marido) precisa fazer, precisa ter uma data, um prazo. Não precisa ser para agora, mas precisa ser definido, queremos uma resposta. Além dele (marido), tem muitas outras pessoas da região que enfrentam essa situação. Em 23 de maio, quando fomos pela última vez, não tinha data. É um prazo muito grande sem respostas — declara.
O fluxo percorrido
O paciente consultou no Cais Petrópolis, no dia 17 de abril, com clínico-geral e apresentou os exames, com o diagnóstico de doença isquêmica crônica do coração. No dia 24 de abril, ele retornou para nova consulta com cardiologista.
A partir disso, foi encaminhado pelo município ao Estado, por meio do Sistema de Gerenciamento de Consultas (Gercon), que regula consultas especializadas. O sistema indicou a realização da consulta para agendamento no HSVP, que esbarrou em razão do problema no equipamento. O retorno, segundo a esposa do paciente, não existiu.
Hospital confirma problema no equipamento
Em contato com o HSVP, GZH Passo Fundo recebeu a confirmação de que o equipamento de hemodinâmica precisa de conserto. De acordo com o superintendente executivo da entidade, Ilário Jandir De David, a equipe de manutenção do hospital tentou realizar o conserto, mas necessitava de peças específicas, que já foram compradas.
A previsão de chegada das peças é para 12 de junho, vindas do exterior. Após isso, a equipe de manutenção deve realizar o reparo em até uma semana. Ilário explica que a demanda para a utilização do equipamento é grande. O HSVP também possui outro equipamento, no entanto, esse tem a utilização dividida com outros procedimentos da casa hospitalar.
— Nós temos outro equipamento que também faz esse procedimento, mas que também tem outras demandas e procedimentos. Já fizemos as solicitações das peças que faltam para o conserto da máquina. É uma demanda muito grande — afirma.
GZH Passo Fundo tentou dados a respeito do volume de procedimentos realizado nos hospitais São Vicente de Paulo e também no Clínicas (HC), mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
Diferença entre pacientes de urgência e eletivos
A diretora de governança clínica do HSVP, Dra. Cristine Fasolo Pilati, esclarece que existem dois públicos em relação aos procedimentos de hemodinâmica: os eletivos, via Gercon, que vêm de ambulatórios, e os pacientes de urgência e emergência.
— Os procedimentos de hemodinâmica de urgência ou emergência, mesmo via Gercon ou que chegam em demanda espontânea na emergência, independente da especialidade vascular, cardiologia ou neurologia intervencionista, estão sendo realizados normalmente nas máquinas que temos. Os procedimentos via Gercon, que vem de ambulatório e são eletivos, são realizados conforme escala — afirma.
Em caso de problemas com algum equipamento, que é o que acontece atualmente, e exista a necessidade de reagendamento, o contato é feito pelo hospital, segundo Cristine.
— No caso de pacientes de urgência e emergência continua tudo normal, o que altera é a marcação dos eletivos. Quando é um problema dentro do hospital, quem entra em contato é o próprio hospital. Em caso de problema em qualquer máquina e tiver necessidade de reagendamento, o hospital entra em contato e reagenda o exame — pontua.
O que diz o Estado
Em contato feito por GZH Passo Fundo, a Secretaria da Saúde do Estado reconheceu que um dos equipamentos do HSVP está estragado e passa por conserto, enquanto o outro está em operação. Além disso, o Estado disse que os procedimentos são realizados normalmente no Hospital de Clínicas (HC), que também recebe pacientes via Gercon.
Sobre a questão de agendamento, o Estado confirmou que as consultas especializadas é feita via Gercon, mas que o agendamento de procedimento é realizado internamente em cada hospital.
"O HSVP possui duas máquinas, sendo uma que uma delas está sendo consertada. O outro equipamento está em operação, e o cateterismo via SUS vem sendo realizado. Todos os casos graves estão sendo atendidos. Sobre o HC, está realizando normalmente. Cabe ressaltar que o Gercon não regula exames, somente consultas. Cateterismo é um procedimento agendado internamente no hospital", disse.
GZH Passo Fundo
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