Interditado há três anos, o salão de festas do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) II do Bairro Boqueirão em Passo Fundo apresenta rachaduras e deslocamento do piso de até cinco centímetros. O salão atendia a oito torres, que correspondem a 160 apartamentos. Uma ação judicial foi movida entre o condomínio e a Caixa, para que o reparo do local seja realizado, ainda sem previsão.
O prédio do salão de festas, uma área com churrasqueira e banheiro, apresenta rachaduras horizontais nas paredes, próximas ao piso e ao teto da estrutura. Em alguns pontos, é perceptível o rebaixamento do piso, principalmente próximo à porta de entrada.
Os primeiros sinais de problemas na estrutura foram analisados durante inspeção predial habitual, como relembra o proprietário da administradora Nova Era e síndico do condomínio, Sérgio Maldonado:
— Vieram engenheiros para realizar o laudo técnico e analisar, e a conclusão foi de que a estrutura correria risco e que deveria ficar isolada. Fomos buscar recursos através da Caixa Econômica, pois a responsabilidade é deles por ser um problema estrutural, e também porque o condomínio não teria condições para fazer o aporte da recuperação, e estamos esperando há três anos.
Nos arredores, é possível perceber que as rachaduras estão presentes também nos prédios habitacionais ao fundo do salão de festas, que correspondem aos blocos cinco e seis, em que também há deslocamento das placas da calçada. O prédio tem rachaduras nos corredores, e em alguns apartamentos. Uma das moradoras mais antigas do residencial, que prefere ter sua identidade preservada por GZH Passo Fundo, relata a sensação:
— A situação toda é um perigo, porque na frente tem um parquinho para crianças, e tomamos chimarrão. Nós pagamos para ter um conforto que a gente não tem, não temos onde nos reunirmos e fazermos as confraternizações. Viemos com o sonho de ter uma casa própria, e esse sonho se transformou em pesadelo. Estamos vendo o mesmo problema de mais de 10 anos atrás se repetir, e isso é um terror para nós.
O problema que a moradora se refere ocorreu em 2010, três anos após a entrega da obra. Alguns apartamentos começaram a apresentar infiltrações, rachaduras e desníveis. Na época, reparos foram realizados por conta da Caixa.
— As pessoas deveriam estar num projeto de Minha Casa Minha Vida, não só morando, mas tendo um pouco de reconhecimento social, e esses problemas acabam privando disso. Hoje não temos um ambiente tranquilo, estamos padecendo disso — afirma o síndico.
Por meio de nota, a Caixa informou que a ação judicial foi concluída e que a construtora responsável pela obra será comunicada para realizar os procedimentos.
"A ação judicial foi concluída e a decisão devidamente cumprida pela Caixa com a apresentação dos documentos, dentre eles o laudo recente e a vistoria realizada em janeiro de 2023. A Caixa esclarece que a construtora responsável pela obra do empreendimento será comunicada para os procedimentos que sejam de sua responsabilidade."