Por Nadja Hartmann, jornalista
A manhã fria desta terça-feira (9) foi movimentada de reuniões nos bastidores políticos em torno da aliança que deve lançar Pedro Almeida (PSD) e Volnei Ceolin (MDB) à majoritária. Segundo o deputado Luciano Azevedo (PSD), que está à frente das articulações, neste início de semana, houve mais uma rodada de negociação e o apoio dos demais partidos PSDB, União Brasil, PP, PSB e Cidadania está praticamente acertado, sendo que dificilmente haverá mudanças.
A previsão é que o anúncio da majoritária seja feito entre sexta (12) e segunda-feira (15) pelo prefeito Pedro Almeida no retorno de sua viagem a Porto Alegre. Mesmo que uma aliança com sete partidos represente uma grande sopa de letrinhas, a coligação que apoia Pedro Almeida este ano ainda é menor que em 2020, quando foram 10 partidos.
Cenário
Confirmada a aliança, a disputa à prefeitura de Passo Fundo terá como protagonistas:
- Pedro Almeida (PSD) e Volnei Ceolin (MDB) representando a situação em uma aliança que une partidos de centro, centro-direita e centro-esquerda
- Airton Dipp (PDT) e Júlio Stobbe (PT) na coligação de partidos de centro-esquerda
- Márcio Patussi (PL) e Claudio Dóro (Podemos), na aliança de direita
Um cenário bem diferente do que em 2020, quando foram sete candidatos, mas não completamente diferente em nomes, uma vez que Pedro e Patussi já protagonizaram a disputa nas últimas eleições. A grande novidade este ano fica por conta da união dos partidos de centro-esquerda e esquerda em torno do nome de Airton Dipp (PDT).
Divisão
Oficial e publicamente, o nome de Volnei Ceolin (MDB) é apresentado como de consenso entre os partidos da aliança. Porém, há fortes rumores que nos bastidores reina uma insatisfação quase que generalizada. O principal motivo seria o desrespeito às lideranças locais e a decisões colocadas “goela abaixo”. O risco, portanto, é da aliança acabar sendo formada com apenas parte das siglas, que podem ir divididas para a campanha, fazendo, inclusive, com que muitos candidatos a vereadores não abracem a majoritária.
É que as decisões estão sendo tomadas muito mais pelas cúpulas estaduais e até nacionais com os olhos voltados lá para 2026, o que não é incomum na política, onde uma eleição sempre prepara a próxima, mas os acordos dos caciques nem sempre são bem compreendidos e aceitos pela plebe...
2026 na mesa
No PSDB, por exemplo, a decisão de abrir mão da majoritária só foi aceita diante da promessa de apoio ao nome de Mateus Wesp para a Assembleia Legislativa em 2026. Em nota enviada à coluna, a executiva do partido afirma que “o que faz bem para Passo Fundo, faz bem para o PSDB” e que o secretário Mateus irá se dedicar às eleições de 2026, já que a cidade ficou sem deputado estadual na última eleição.
O problema é que o “primo rico” da aliança, o União Brasil, também só teria aceitado abrir mão da majoritária em troca do apoio de Pedro Almeida (PSD) e Luciano Azevedo (PSD) ao nome de Rafael Colussi para deputado estadual em 2026, negociação feita diretamente com o presidente estadual do partido, deputado Luiz Carlos Busato.
Em anúncio feito na terça-feira, a direção municipal do partido afirmou que a decisão foi deliberada após reuniões entre o gestor municipal, pré-candidatos a vereador e executiva. “Estamos renovando nossa parceira com muita segurança”, afirmou a nota assinada pelo presidente Rafael Colussi e pelo vice-presidente Nharam Carvalho, ambos vereadores do partido.
Haja palanque
Além dos nomes de Colussi (União Brasil) e Wesp (PSDB), candidatáveis em 2026, provavelmente o MDB também apresente um candidato à Assembleia em 2026, até porque o partido estará na majoritária ao governo do Estado com Gabriel Souza. Ou seja, vai ser muito palanque para pouca máquina — ops! — para pouca perna em Passo Fundo...
A pergunta que não quer calar é se algum destes partidos quiser lançar um candidato à deputado federal em 2026... Como é que fica?
Grito pela Educação
Um outdoor instalado na Avenida Brasil em frente à prefeitura lembra a população que nem todos os professores estão felizes na cidade educadora. Com uma imagem de professores amordaçados e com as frases “Por nossos professores iremos até o fim. Chega de descaso com a educação”, o outdoor faz parte da campanha “Grito pela Educação” lançada pelo CMP-Sindicato.
Segundo os dirigentes, a campanha visa fazer uma denúncia pública sobre o que está ocorrendo nas escolas e a desvalorização dos professores. As mordaças na foto denunciam, segundo eles, a falta de gestão democrática nas escolas do município. Para os próximos meses, estão previstas uma série de ações como uma mateada, congresso dos professores municipais, lançamento de manifesto e de uma cartilha, além de uma paródia musical. Para o dia 11 de setembro, está prevista uma sabatina com os candidatos a prefeito com o tema educação e valorização dos professores. Nesta, ninguém vai poder reprovar...
Economia
O mês de julho, tradicionalmente, é dedicado a balanços de metade do ano. Em nome da transparência, vale trazer um pequeno recorte dos gastos do Executivo e Legislativo em diárias neste primeiro semestre. Difícil dizer se foi por conta das enchentes que restringiram as viagens ou até mesmo por conta da pré-campanha eleitoral, mas a verdade é que os agentes públicos economizaram mais em viagens nos primeiros meses de 2024 comparado ao mesmo período de 2023.
O gasto total em diárias este ano somando o Executivo e o Legislativo foi de R$ 252 mil. Até julho de 2023, os dois juntos gastaram R$ 356 mil, R$ 100 mil a mais que este ano. De janeiro a julho deste ano, o Executivo registrou R$ 175 mil em diárias, enquanto o Legislativo teve R$ 77 mil. Vale lembrar que em 2023 foi gasto quase que o dobro em diárias do que 2022, chegando a R$ 682 mil.
A propósito II: uma das bandeiras de Saul Spinelli ao assumir o comando do Legislativo era acabar com a diferença nos valores de diárias pagas aos vereadores e servidores. Enquanto um vereador recebe uma diária de R$ 972 para Porto Alegre, por exemplo, um servidor efetivo de padrão 1 a 4 ganha R$ 415.
Utilitário
Falando em economia, do orçamento de R$ 31 milhões previsto para a Câmara de Vereadores em 2024, foram gastos, até o momento R$ 12,4 milhões — ou seja, menos da metade, segundo o presidente Saul Spinelli (PSB). Com dinheiro no caixa, porém, sem rubrica específica para a despesa, será preciso uma alteração no orçamento do município deste ano para que a Câmara possa adquirir um novo veículo. O projeto do Executivo solicitando a inclusão da rubrica já foi protocolado e prevê a abertura de um crédito adicional de R$ 300 mil para a compra.
De acordo com Spinelli, a ideia é adquirir um veículo utilitário de sete lugares para permitir o deslocamento de mais vereadores na mesma viagem, o que, segundo ele, reduziria o gasto com diárias. Para isso, provavelmente será necessário também contratar um novo motorista. Hoje a Câmara possui um veículo oficial, do ano 2017.
Participação
Está marcada para a próxima segunda-feira (15), às 11h, a audiência pública do Legislativo para tratar sobre às emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025. Infelizmente, nem o horário e muito menos o cronograma favorecem uma ampla discussão sobre o tema, já que o período para elaboração de emendas iniciou na terça-feira (9) e termina no dia 19, quatro dias após a audiência, que visa ouvir a comunidade sobre as metas e prioridades do município no próximo ano.
Mesmo assim, espera-se que a população participe e consiga opinar pelo menos parcialmente sobre a destinação dos R$ 1,2 bilhão previstos no orçamento do ano que vem. O prazo final para o encaminhamento ao Executivo é 30 de agosto. Lembrando que a LDO representa apenas um esboço do orçamento.
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