Por Nadja Hartmann, jornalista
A propaganda eleitoral inicia só em 17 de agosto, mas mantidas as intenções iniciais de alianças, com o PSD convencendo o União Brasil a manter o apoio a Pedro Almeida e abrindo mão da majoritária, a chapa de situação deve garantir um tempo equiparado à coligação PT-PDT, já que o PP e o UB, juntos, compensam o pouco tempo garantido para o PSD. Porém, sem o apoio do União Brasil, o tempo cai consideravelmente...
Caso o União Brasil feche com o PL, a balança é desequilibrada com um tempo superior a quatro minutos para a frente de direita, liderada por Márcio Patussi, uma vez que o PL possui o maior ranking de tempo, calculado com base no número de deputados. A partir desse cálculo fica fácil entender o peso do União Brasil nas articulações.
Outra possibilidade é o PL também não abrir espaço para o UB na majoritária e o partido vir sozinho, correndo por fora com o 44, até porque o Republicanos só teria concordado em ceder o espaço de vice do PL para o Podemos. Ou seja, se outro partido entrar na jogada, quebra o acordo... Agora, as perguntas que não querem calar são:
- Quem perde e quem ganha com uma possível divisão da direita e centro-direita no município?
- Qual o nome “carta na manga” para vice do União Brasil, já que vereador Rafael Colussi declarou que não deve abrir mão da sua candidatura à reeleição ao Legislativo?
Queda de braço
É claro que, até por fazer parte do governo, a executiva local do União Brasil não confirma — mas também não nega — a possibilidade de romper com o PSD. Portanto, resta saber quem vai vencer esta queda de braço: se a fidelidade do diretório municipal do UB ao PSD ou o projeto político nacional do partido, que visa o protagonismo em 2024 para o fortalecimento da candidatura de Ronaldo Caiado ao Planalto em 2026. Projeto, aliás, que o ex-vereador Patric Cavalcanti está totalmente inserido.
Mistério...
A pergunta que o União Brasil — e a torcida do Flamengo — vem se fazendo é o motivo da preferência do PSD novamente pelo MDB? Seria de olho em 2026, em troca de um apoio do provável candidato ao governo, Gabriel Souza, à candidatura de Luciano Azevedo (PSD) para deputado federal?
Aliás, dizem que o nome de Volnei Ceolin para candidato a vice de Pedro Almeida foi decidido em reunião com o vice-governador em Porto Alegre. Outras perguntas que não querem calar são: e se o União Brasil “bater pé” pelo espaço na majoritária, o PSD irá ceder ou irá abrir mão do tempo e dos recursos do Fundo Eleitoral do partido? E se os dotes do UB falarem mais alto, qual será o destino do MDB?
PL
Depois do lançamento da pré-candidatura de Dipp e Stobbe, a próxima candidatura que deve ser lançada em Passo Fundo é de Márcio Patussi (PL) e Cláudio Dóro (Podemos), marcada para 20 de julho. Isso, é claro, se não houver mudanças até lá...
Patussi, aliás, neste final de semana estará participando do CPAC (Conservative Political Action Conference), evento que vem a ser uma versão abrasileirada do principal congresso de políticos conservadores dos Estados Unidos e que terá como ponto alto o encontro entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Javier Milei.
O evento, que irá reunir um grande número de lideranças do PL, acontece dias após uma grave crise interna no diretório estadual do partido, quando outros deputados gaúchos do partido tentaram “puxar o tapete” de Giovani Cherini, pedindo o afastamento dele da presidência estadual do PL. Porém, o movimento se mostrou um “tiro no pé”, já que o deputado de Soledade saiu ainda mais fortalecido, com o aval de Bolsonaro e do presidente nacional Valdemar da Costa Neto. Em jogo: a disputa pelo “Fundão” eleitoral do PL.
A propósito I: à frente do marketing da campanha dos partidos de direita em Passo Fundo estará o publicitário Zeca Honorato, de Porto Alegre, que no currículo tem a campanha vitoriosa do ex-governador José Ivo Sartori (MDB) em 2014 e de Luiz Carlos Heinze (PP) ao Senado em 2022. Honorato também estará envolvido em outra campanha na região, do tucano João Pedro Albuquerque em Carazinho.
Restrições
No sábado (6), quando inicia a contagem regressiva dos três meses para as eleições, começam a valer uma série de restrições do período pré-eleitoral, voltadas principalmente aos agentes públicos. Entre as condutas vedadas estão a nomeação ou demissão de servidores sem justa causa, participação em inauguração de obras públicas e a divulgação de ações da gestão, inclusive em redes sociais.
As restrições que visam, sobretudo, coibir o uso da máquina pública na campanha, devem fazer com que, especialmente, os prefeitos candidatos à reeleição assumam uma postura mais cautelosa, com bem menos exposição dos seus feitos como gestores, o que deve ser compensado, é claro, com a vitrine da campanha, que, aliás, é o lugar certo para a propaganda eleitoral...
Bônus
Importante lembrar que até as candidaturas serem aprovadas nas convenções e devidamente homologadas, todo mundo é pré-candidato e podem quase tudo, menos pedir voto explicitamente. De acordo com a lei eleitoral, os pré-candidatos podem exaltar suas virtudes em qualquer meio de comunicação, desde que não ofendam outros pré-candidatos ou se coloquem como a melhor opção.
Com essa liberdade, alguns vereadores de Passo Fundo têm utilizado, inclusive, o seu espaço na tribuna da Câmara para expor suas qualidades como político, o que não é crime, mesmo a sessão sendo transmitida nas redes sociais. Faz parte do bônus de ter sido eleito, lembrando que há também o ônus...
A propósito II: dos 21 vereadores, exceto Saul Spinelli (PSB), todos devem concorrer à reeleição, sendo sete por um partido diferente que se elegeram em 2020. Quanto ao índice de reeleição, o retrospecto não é dos melhores... Em 2020, apenas sete se reelegeram, registrando um índice de renovação de quase 70%.
Respostas
Em busca de Justiça, pais, parentes e amigos do menino Gustavo, que morreu de pneumonia em junho, estiveram na sessão de quarta-feira (3) na Câmara de Vereadores, quando ouviram inúmeras manifestações de solidariedade de todos os vereadores. Antes disso, também foram recebidos pelo prefeito Pedro Almeida, quando ouviram mais palavras de solidariedade.
Sem dúvida, palavras podem servir de consolo, mas não respondem a pergunta: por que Gustavo morreu? E é em busca desta resposta — que deve vir do poder público, responsável pelo Hospital Municipal — que a família está organizando o ato “Justiça pelo Gustavo”, neste sábado (6), em frente ao hospital, às 15h. Mesmo quem não quiser ver vai ter que enxergar, lembrando que “justiça que tarda, é falha”.
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